Verde campestre!
Sentado no peal da porta Jacinto desenha na lama da estrada riscos indecifráveis. A seu lado o ti’Leandro segura o chapéu de chuva como se fosse uma bengala. Permanecem em silêncio.
Para no instante seguinte o Jacinto perguntar:
- Alguma vês viste as terras como este ano?
- Que têm?
- Estão verdes. Verdes, verdes!
- É desta chuva que não pára.
- Sabes… gosto de ver as terras assim… Já tinha saudades…
- Encharcadas?
- Sim, mas férteis… também!
- E daqui a um par de meses tens aí o verde da azeitona…
- ‘Inda é cedo! Nem há chora…
- O tempo passa depressa…
Calaram-se ambos! Passou entretanto um miúdo de bicicleta que desceu a rua demasiado depressa. Ao fundo não consegue travar e entra na terra e na lama. Sobe depois a rua, triste, carregando a “bicla” à mão. A sua roupa tem agora um tom verde… da erva que o recebeu e amparou na queda. Passa pelos idosos tenta sorrir, mas eles devolvem:
- Estás todo pintado de verde…
- Foi da erva… escorreguei ali… - e apontou com a cabeça, como se eles não tivessem visto.
Depois, sem mais, seguiu. Entretanto:
- Não te disse Jacinto… este verde invernoso nem sempre nos dá alegrias.
O outro ri e continua a fazer desenhos na lama.
Participam neste exercício de escrita: a Fátima, a Concha, a A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor, a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, e o João-Afonso Machado