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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Verde campestre!

Sentado no peal da porta Jacinto desenha na lama da estrada riscos indecifráveis. A seu lado o ti’Leandro segura o chapéu de chuva como se fosse uma bengala. Permanecem em silêncio.

Para no instante seguinte o Jacinto perguntar:

- Alguma vês viste as terras como este ano?

- Que têm?

- Estão verdes. Verdes, verdes!

- É desta chuva que não pára.

- Sabes… gosto de ver as terras assim… Já tinha saudades…

- Encharcadas?

- Sim, mas férteis… também!

- E daqui a um par de meses tens aí o verde da azeitona…

- ‘Inda é cedo! Nem há chora…

- O tempo passa depressa…

Calaram-se ambos! Passou entretanto um miúdo de bicicleta que desceu a rua demasiado depressa. Ao fundo não consegue travar e entra na terra e na lama. Sobe depois a rua, triste, carregando a “bicla” à mão. A sua roupa tem agora um tom verde… da erva que o recebeu e amparou na queda. Passa pelos idosos tenta sorrir, mas eles devolvem:

- Estás todo pintado de verde…

- Foi da erva… escorreguei ali… - e apontou com a cabeça, como se eles não tivessem visto.

Depois, sem mais, seguiu. Entretanto:

- Não te disse Jacinto… este verde invernoso nem sempre nos dá alegrias.

O outro ri e continua a fazer desenhos na lama.

 

Participam neste exercício de escrita: Fátima, a Concha, A 3ª Face, a Maria Araújo, a Peixe Frito, a Imsilva, a Luísa De Sousa, a Maria, a Ana D., a Célia, a Charneca Em Flor,  a Gorduchita, a Miss Lollipop, a Ana Mestre a Ana de Deus, a Cristina Aveiro, a bii yue, e o João-Afonso Machado

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