Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Uma esquina marcante - XXVIII

Resposta ao desafio da Ana

Naquela esquina havia um pequeno café, simpático e acolhedor. Ambos conheciam o lugar e haviam combinado encontrar-se lá antes de mais um dia de trabalho.

Vindos de lugares opostos ainda assim quase que chegavam juntos. Entraram e sentaram-se a uma mesa tendo a rua movimentada como fundo.

Alcides foi o primeiro a iniciar a troca de galhardetes:

- Ontem deixaste-me pendurado…

- Pendurado?

- Sim… pendurado. Isso não se faz… Deveria ser crime – disse o engenheiro a rir.

Ângela entrou na brincadeira:

- Tu é que iniciaste as hostilidades. Se achas que há algo estranho entre nós tenta perceber o que é…

Alcides sabia e por isso olhou o movimento da rua tentando encontrar neste a coragem. Em silêncio pegou na mão da namorada e sentindo o coração aos pulos gaguejou:

- Eu… eu… nem sei como dizê-lo…

Ângela apertou as mãos dele e olhando-o nos olhos acrescentou:

- Diz o que te vai na alma. Nada temas… nem te envergonhes do que irás dizer pois será o teu coração a falar.

Ele respirou fundo. Depois baixou os olhos para uma migalha na mesa e avançou:

- Desde aquele Domingo em que te vi partir da aldeia percebi que serias a mulher da minha vida. Todavia nesse mesmo instante sabia que estaríamos longe, demasiado longe para acreditar em reencontrar-te.

Uma lágrima foi rolando pela face escanhoada e continuou:

- Não sei se isto é amor, paixão ou simplesmente parvoíce. O que sei é que no momento em que te vi entrar naquela sala, para a entrevista, um vírus ressuscitou automaticamente dentro de mim para recuar 15 anos e recuperar aquele sentimento.

Era a vez de Ângela verter uma lágrima que ao descer estragava a pouca maquilhagem. Era, todavia, um fio salgado e sentido!

8 comentários

Comentar post