Um sonho recorrente – VI
Resposta ao desafio da Ana
Deitada no luxuoso quarto de hotel que lhe haviam reservado, Ângela lia um livro após um dia fatigante. Quando sentiu que os olhos começaram a fechar, resultado do sono, ergueu-se da cama e nua como sempre dormia aproximou-se da janela sem pudor.
A luz baça da Lua contrastava com a luminosidade da cidade que se abria à sua frente. Gostou do que viu e tentou destrancar a janela de vidro. Após algumas tentativas lá conseguiu perceber o mecanismo e escancarou a vidraça.
Aproximou-se da beira para reparar que o hotel era à beira-rio. Um rio manso quase silencioso e que deixava que as luzes da avenida contrária se espalhassem na água, que corria calma.
Abandonou a janela para ir ao minibar e retirar uma garrafa de água fresca. Abriu-a e bebeu um pouco. Regressou à janela.
Tinha medo de adormecer… Era sempre assim antes de se deitar. Acima de tudo porque sabia que aquele sonho poderia vir a atormentá-la mais uma vez. Era um pesadelo recorrente muitas vezes indefinido na história, mas sempre com uma mesma personagem que ela nunca conhecera.
De súbito lembrou-se da saída da autoestrada, sorriu e correu para a cama onde se deitou à espera de adormecer rapidamente e sonhar, quiçá, com ele.