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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Hoje convido eu! #30

A desafiarem-me

Eu coloquei-me a jeito, ah pois coloquei. Então não é que convidei a Maria João dona de diversos blogues donde destaco poetapokedeusker para também me desafiar? Resultado atirou-me para as mãos este verso: Foi num dia de Verão.

Agora teria de escrever uma quadra com este verso. Bom... o resultado segue abaixo. Quase de certeza que estarei muuuuuuuuuuuuuuuito longe do que esperava esta poetisa, mas quem dá o que tem...

 

A aldeia acordou sobressaltada com tamanho foguetório. Naquela sexta feira, quatro anos depois do último arraial, iniciavam-se as festas em honra de Nossa Senhora da Carreira e de Santo António.

Desde 2020 que a aldeia ansiava por estas festividades. Primeiro fora o covid que durante dois anos proibira a sua realização, para em 2022 a Comissão não conseguir arregimentar gente suficiente para ajudar a erguer a festa.

Foi o pároco Germano que num fim de missa perguntou à assembleia presente quem estaria disponível para ajudar. Poucos ou nenhuns responderam, mas certo é que a partir desse dia muitos deram o seu contributo para erguerem a festa.

Para além da normal cerimónia religiosa agendada para o Domingo com missa e procissão pelas ruas da aldeia, estavam previstos diversos eventos, entre eles os normais bailaricos sempre animados com artistas muito populares.

Dentro dos acontecimentos planeados saudava-se o regresso de um campeonato de chinquilho, havia muito tempo desaparecido das festas, um jogo de futebol entre solteiros e casados, para acabar na tarde de Domingo com um concurso de quadras.

Foi no final da missa dominical e antes da procissão que o Padre avisou que a inscrição para as quadras estaria aberta até perto das 15 horas.

O concurso teria um júri constituído pelo Doutor Frutuoso de Almeida, ilustre escritor, poeta, ensaísta e filho da terra, pela antiga professora primária Dona Palmira da Assunção, pelo presidente da Comissão de Festas o senhor Galvão e finalmente a menina Filomena Ferreira que era estudante finalista de Direito em Coimbra.

À hora aprazada deu-se início ao certame. Enquanto uns passavam para a fase seguinte outros eram excluídos para, no final, se encontrarem apenas dois opositores. Um deles era o Presidente da Junta de Freguesia, Dr. Martins Calado e Plínio Gonçalves um aldeão jovem e que na escola primária até fora colega de Filomena.

A final parecia interessante até porque ninguém imaginaria que o jovem conseguisse chegar tão longe. Estaria tudo em aberto. Começaria Plínio com a quadra à qual o adversário responderia e assim sucessivamente até o júri considerar que havia um vencedor evidente.

O jovem sobe ao palco e olhando sorrateiramente para Filomena inicia:

Foi num dia de Verão

Como verão um dia.

Assim bateu o coração.

Um coração que doía

 

Palmas entusiásticas do público! Resposta veio a seguir de Calado:

 

Não me fale em coração,
 
O meu coração nem fala,
 
Rola a lágrima na mão
 
Porque a dor, essa não cala

Plínio continua:

Dizem que o amor não dói

Mas dói mesmo o amor.

Sei o que ele me corrói,

Que o diga a minha dor!

 

Visivelmente atrapalhado Calado dá uso ao seu apelido… O silêncio na plateia é enorme… aguarda-se que o senhor Presidente diga qualquer coisa.

De súbito levanta-se Filomena e olhando para o antigo colega declama:

Temos já um vencedor

Agora mesmo por fim

Falaste muito em amor

Eu digo Plínio que sim!

Quadras a Santo António - 2022

Dia de António o bom Santo

É sempre fantástico feriado

Foi mestre alfacinha e tanto

Que viajou por tanto lado.

 

Viveu outros tempos é certo

Daqueles. Nem ousou olvidar.

Foram anos duros decerto

Que lhe deram força para andar.

 

Voltaram as sardinhas e o fumo

Daquelas a arder na brasa quente

Copos de tinto quiçá um sumo

Num arraial com tamanha gente.

 

É festa dizem os moinantes

Sempre a bem comer e a beber

Voltámos ao que era dantes

Toda a gente quer esquecer.

 

Mas lá longe na imensa guerra

Há quem lute corajosamente

Por uma livre e próspera terra

Que nem um Santo Valente.

 

Vai Santo António ajudar vai

Aqueles que choram a dor.

Sai desse alto púlpito sai

Vem parar este imenso horror.   

Quadras à sexta!

Bom fim de semana Ana!

Hoje apetece-me escrever

Uma quadra simples, daquelas.

Estarei eu louco ou a antever

Sarilhos, guerras ou só mazelas.

 

Tenho alguns dias assim, curiosos

Carregados de lamúrias ou tolices

São momentos pesados, onerosos

Cheios de bom humor e parvoíces.

 

Também é preciso para animar

As manhãs, tardes, noites enfim.

Um pouco de luz e quiçá amar

Aquele desejo que há em mim.

 

Termino esta semana rimando

Quiseram elas, palavras tontas

Por aqui vou ficando e brincando

Em crente busca de novas contas.

Quadras à sexta-feira... 13!

Para a Ana, com carinho,

Tenho o sonho de ser escritor

Para te dar as palavras certas.

Queria sair deste triste torpor.

Ter vida e alma sempre abertas.

 

Tenho o sonho de ser poeta

Dizer o que sinto, devagar

Reconheço que sou pateta

Por querer ainda navegar.

 

Será melhor deixar de sonhar

Pois o sonho estraga a vida

Não será mui difícil adivinhar

Que a demanda está perdida