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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

No meu jardim

Para ti Zé 

No pobre jardim,

que é a minha vida

Tu eras a flor,

mais alegre, viçosa.

Entre tantas

que por ali floriram

Foste sempre a pétala,

Mais brilhante.

 

Hoje és a saudade,

A lágrima tombada,

A tristeza de te ver

Ora partir.

Foste a certeza

Duma amizade.

Refém da pureza,

Presa no coração.

 

Partiste cedo demais

Pois que a hora foi

estranha, incerta.

Vai, vai companheiro

Abraça a barca,

De uma paz merecida.

Um sono eterno,

brando, mas atento.

 

Oh, quanto de mim,

Chorará… para sempre.

À beira da ribeira!

Sentado à beira desta ribeira

Oiço com inesquecível nostalgia

Fugindo célere por entre pedras

O marulhar da água trigueira

 

A coberto, pleno de sombra

Agitam-se calmamente

Infindáveis freixos e amieiros

Pardais se aninham de sobra.

 

Nesta paz assim tão serena,

Recupero dias e memórias,

De outro tempo tão longe,

De uma saudade plena.

 

Ao redor, onde o sol repousa

Estala a palha e o restolho

Corre o lagarto, sibila a serpente

Canta o grilo, voa a mariposa.

 

E quando a noite desce,

Prenhe de vida invisível,

É o momento do silêncio

Repousar na minha prece!