Para a minha neta
Beijei-te!
Um beijo simples, suave,
encharcado em carinho.
Tu sorriste inocente.
Beijei-te!
Gesto repentino e tão meu,
inundado de ternura ilimitada.
Tu aceitaste como dádiva.
Beijei-te!
Quantos mais receberás?
Tão iguais ao meu.
Tu agradeceste com o olhar!
Deixa-me beijar-te
até ao infinito.
Pois é, por ti, e até aí
que vai o meu amor!
O tempo esse guloso de vida
Somou mais um, um apenas
A um outro de alegria vivida,
De manhãs e tardes amenas.
Desfolharam-se longos dias
Em que foste dama e rainha.
Desembrulhaste alegrias,
A alma deixou de ser minha.
Dois anos de certezas e amor.
De risos e palavras perdidas
Dois anos de gargalhadas e calor
De ternuras jamais escondidas.
As tuas doces e quentes palavras
São mel, pérolas doces, macias.
Teus gritos são inocentes loucuras,
Que eu recebo como belas carícias.
Será tonto este amor, esta paixão
Por ti quando te pego e te sinto?
Será luz ou simplesmente ilusão
Estas palavras que ora te pinto?
Revi-te hoje… tão, tão ao longe.
Esse sorriso matreiro, inocente
Agora que pareço um monge…
Não esqueço esse riso quente.
Tenho saudades, muitas, tantas
De se sentir encostada a mim
Sei que te enrolas em mantas
Numa brincadeira sem fim.
Quanto tempo decorrerá ainda
Até te receber nos meus braços?
Sei que a minha vida não finda,
Até voltar a receber teus abraços.
És o meu incalculável tesouro
Que quero para sempre resguardar
Não há sarraceno nem mouro,
Que eu não te consiga guardar!
Sinto-te estreitada nos meus braços
Enquanto te balanço docemente
Reparo então nos teus traços
Pois o teu doce olhar não mente.
Brincamos juntos as brincadeiras
Que jamais pensei um dia brincar.
Estamos presos em vidas inteiras
Mas há ainda tanto para tocar.
Estendes-me os teus dias melosos
Numa oferta que não mereço.
São momentos singelos, luminosos
Em que simplesmente tropeço.
Bem vinda à minha vida!