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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Eu e o mar!

Queria ser o extenso mar,

verde, azul, cinza ou preto.

Doçura e raiva para mostrar,

Malagueiro, manso e quieto.

 

Queria ser como mar revolto

cuspindo som das entranhas

varrer a praia do pó solto

Viver aventuras tamanhas.

 

Sou um ribeiro escorrendo

Por entre pedras desiguais.

Tenho um sonho vendido

àquele que me der mais!

Escrita a gosto! #25

Desafio de Agosto da Ana

Tema: pacífico

Na parede à sua frente residia um calendário daqueles eléctricos e antigos. As horas desdobravam-se em folhas, assim como os dias e os anos.

Sentado num “fauteill” muito surrado, fixava o olhar naquele velho aparelho. Um AVC recente havia-lhe roubado a voz e o andar e atirara-o para uma casa de repouso. Só respondia com sons roucos… e com olhares.

Porém a memória estava intacta.

A cada dia que passava no calendário ele recordava qualquer coisa na data. E se alguns dias ele permanecia sossegado, havia outros em que era um destempero de agitação.

Era o caso daquele dia 25 de Agosto. Ele olhava a data e arregalava os olhos. Depois quis chorar, mas não conseguiu.

Nesse dia recebeu a visita de um dos netos. Os olhos iluminaram-se numa alegria e por fim sossegou. O rapaz trazia uma pasta e abriu-a para o avô. Este com a mão boa passou-a pelas fotografias e olhou novamente para o neto.

- Eu sei avô, eu sei! Neste dia há vinte anos entravas tu pela primeira vez no oceano Pacífico

E afagou-lhe os cabelos alvos.

- Tu nunca te esqueces e eu também não, avô!

Escrita a gosto! #15

Desafio de Agosto da Ana

dia 15 - unicórnio

Em pé, à beira-mar perscrutava o horizonte onde dois azuis distintos se uniam. A maré apresentava-se baixa, muito baixa. As pequenas ondas lambiam-me os pés. Uma gaivota voou como que fiscalizando os banhistas!

De vez em quando avançava um passo no sentido do mar. Sentia o frio da água e por ali ficava largos minutos. Assim que o corpo se habituava à temperatura evoluía mais uns metros.

Com os braços cruzados sobre o peito despido… meditava!

Finalmente decidiu-se por penetrar totalmente no mar frio. As ondas chocaram contra si, mas ele continuou. Mergulhou no mar anil. Sentiu o frio obrigando a erguer-se. Respirou fundo.

Saiu do mar. O Sol batia-lhe nas costas com força e aquecia-o. No entanto nem o calor do astro-rei nem o frio do indomável mar lhe retiraram a dúvida que ali o trouxera. Dava voltas à cabeça, revolvia o espírito. Mas nada surgia que o ajudasse.

Virou-se para o manto azul, passou a mão pelo cabelo molhado para dizer para si próprio:

- Que tema difícil para escrever: unicórnio!