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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Uma música favorita – VII

Resposta ao desafio da Ana

O som da música no bar quase que o ensurdecia tal era o volume. Ainda por cima temas bizarros muito repetitivos e sem graça.

Achou estranho que, num bar com gente com uma média de idade mais elevada, escolhessem aquele género de música.

Disse-o à sua companhia feminina, uma colega da faculdade onde lecionava. Esta encostou-se mais a Alcides e pediu:

- Não consegui ouvir o que disseste…

- Esta música, safa… é chata. Será que não têm nada melhor para pôr?

- Sei lá… devem ter calculo eu!

- Vamos embora que estou farto disto?

- Já? Ainda é cedo… e amanhã é sábado, não tens aulas para dar!

- Mas esta música…

Ergueu-se da mesa após ter pedido a conta e saiu. A colega seguiu-o e já na rua perguntou-lhe:

- Agora que estamos aqui fora diz-me que música gostaria de escutar lá dentro?

- Esta...

E activou o Youtube.

 

O grande silêncio!

(A Ennio Morricone)

Era uma vez no Oeste

e uma música serena,

Que por um punhado de dólares

fizeste outra cantilena.

 

Foste bom, mau e vilão,

naquele final apoteótico.

E por mais alguns dólares

encontraste o tom melódico.

 

Foi tua a enorme missão

de dares ao cinema alma,

Serão para sempre intocáveis

as mãos repletas de calma.

 

Viveste no cinema paraíso

momentos aureos, roucos.

Agora o teu nome é ninguém

mas os teus tons loucos .

 

Aguenta-te grande Ennio

Neste teu novo caminho.

Porque nos dias do Paraíso

Viveras num remoinho!

 

De que serve agora agradecer?