Hoje convido eu! #10
A desafiarem-me
Quase toda a gente conhece a Maribel do blogue Educar(Com)Vida. Quando a convidei a desafiar-me calculei que o tema seria à volta da escola ou da educação. Não me enganei. Assim o mote sobre o quel irei esgalhar umas pobres palavras é: A escola para mim foi...
Espero que gostem!
A entrevista estava prestes a terminar, percebia-se pela postura da jovem jornalista. Cepeda Miranda um ilustre desconhecido havia umas semanas, subira à ribalta após ter ganho em reconhecido prémio literário. Desde aí jamais parara.
A jovem continuou:
- Diga-me, agora que estamos a terminar esta nossa conversa, como é que a escrita entrou em si?
- Teria os meus 13 ou 14 anos quando percebi que alguns textos que lia de forma obrigatória na escola, faziam-me espevitar, não a copiá-los, mas a dar outra roupagem...
- Já que fala na escola... como foi a sua relação com ela? Era bom aluno?
- A escola para mim foi... - aproveitou a pausa para de beber um pouco água - um horror!
- Como assim?
- Naquele tempo os professores, poderiam ser tudo menos... pedagogos! Não ensinavam, não ajudavam a pensar. Limitavam-se a debitar os assuntos e nós que nos desenrascássemos a aprender ou no mínimo a decorar para a avaliação escrita seguinte.
- Mas era bom aluno?
- Sinceramente? Nem por isso... Mas note que tudo começou de forma enviezada na escola primária quando tive uma professora, a dona Belmira. Munia-se da sua tábua e desencava nos alunos forte e feio.
- Ui...
- Nem imagina o que era aquilo... às 100 reguadas de cada vez.
- E ninguém fez queixa dela?
- Naquele tempo, menina? Não me faça rir...
- Hoje seria tudo diferente...
- Talvez sim, talvez não.
- Retiro então desta sua ideia que estudou pouco!
- Ou nada... - e riu-se!
- Mas se fosse hoje provavelmente estudaria?
- Não sei dizer... De todo! No entanto deixe-me confessar que admiro muito os professores no actual contexto.
- Porquê? - interrompeu a jornalista.
- Por diversas razões. A primeira prende-se com a falta de educação cívica e social dos alunos, na maioria das vezes com origem em casa. Depois as matérias, cada ano ou governo que passa são acrescentadas ou retiradas. Já para não falar das condições de trabalho dos professores quando sei que a papelada é cada vez mais impeditiva de se fazer um bom trabalho.
- Resumindo: se antigamente a culpa era dos professoras por haver insucesso escolar, hoje em dia será dos alunos?
- Não totalmente! Como já referi a escola... começa em casa!
- Em casa?
- Exactamente! Os pais deveriam ser os primeiros professores dos próprios filhos. Todavia a maioria isenta-se dessa responsabilidade e endossa-a para as escolas com os resultados que vamos assistindo.
A jornalista fechou o caderno e rematou:
- Obrigado senhor Miranda por esta longa entrevista e desejo muitos sucessos literários.
- Eu é que agradeço.
Ela desligou o gravador, Abraçou-se ao entrevistado e sussurrou ao ouvido:
- Obrigado pai por esta entrevista. Estiveste imparável!