Neste momento escrever tornou-se quase um vício. Custa-me estar sem passar para o papel branco (por enquanto) aquilo que sinto. E como sinto.
Durante muitos anos achei que escrever era uma arte menor. Artistas, artistas eram os pintores, os músicos, os escultores. Porém fui apercebendo que este meu conceito traía com veêmencia a minha vontade. E assim quando um dia em Trás-os-Montes ouvi uma referência, achei que esse era o momento para recomeçar a escrever.
Com maior ou menor qualidade, tanto se me dá. Certo é que desde esse dia em que decidi reiniciar a escrever, mais de 30 histórias sairam deste pobre coração. Para além de outras colaborações contínuas.
Reconheço todavia que ainda não era bem isto que gostaria de um dia publicar. Alimento a ideia de escrever um romance, não daqules de fazer chorar as pedras das calçadas, mas um livro onde me revisse como um todo. A ideia surge-me como uma luz de farol. Mas não permanece o suficiente para iluminar o meu espírito vadio. Aguardo assim serenamente que essa luz surja para ficar e me guiar, não no caminho do sucesso, que esse é esporádico e volátil, mas no trilho da alegria e do prazer de fazer algo que se gosta realmente.
Durante muitos e muitos anos foi rabiscando uns textos em blocos, cadernos ou até alguns foram escritos à máquina de escrever. Hoje comecei a recuperar alguns desses textos. A maioria são pedaços tristes, mal escritos e a requererem revisão. Mas prefiro deixá-los assim (quase) como o original. Chamarei a esta rubrica "Do baú..." e inicio com um pequeno e pobre poema que já não me lembrava de ter escrito mas que agora faz todo o sentido.