Um poeta é um opífice
Que talha o ouro com calma
O mesmo será um artífice
Das palavras com alma.
A poesia é a luz daqueles
Que vêem na escuridão
Não só as dores deles
Mas tristezas da solidão.
A poesia nunca descansa
Apenas baila e apazigua
A dor mais que mansa
De quem vive na Lua.
Não serei nunca poeta
Pois escrever mal sei.
A palavra não é meta
Nem rimar a minha lei.
Hoje é dia,
de poesia.
Pois hoje é o momento
de escrever sem tormento.
Hoje escrevem-se sorrisos
sem avisos.
Hoje dedilham-se versos
ao sabor dos corações adversos.
Hoje escolhe-se a dor
e dela sairá uma flor.
Hoje é o mundial dia
da poesia.
Será que o de e o da
valem mais que nada?
As palavras
soltas, presas
lavradas, únicas.
Rabiscadas, tolas.
Insensatas, frias.
Mornas, brandas.
Todas!
Serão sempre
O meu bom refúgio.
Escuta…
Escuta meu amor!
Sabes o que é este troar?
Este som abafado e doentio…
São as bombas
Que caem como chuva,
De um céu negro de esperança
E tristeza.
Desculpa ter ficado,
Não partir, não abandonar este país.
Pegar nas armas frias,
E morrer!
Um dia escreverás
Um poema em meu nome!
Com lágrimas expostas,
De mágoas infinitas.
Como não amar a natureza, como?
Nas flores primaveris, no Sol brando.
Como não escrever poesia, como?
Se há viva alegria para lá do pranto.
Como não querer amar, como?
A madrugada fria, o vento cortante.
Como não desejar sonhar, como?
Com a felicidade, o idílico amante.
Como não deixar a paixão, como?
Viver o risco sedutor da desilusão.
Como não ousar assumir, como?
Que a vida tem alma e coração.
Não há palavras nem poemas,
Nem gritos nem beijos.
Só esperanças e ensejos.
De um novo raiar luminoso,
Há outros sonhos renovados
Cem dias amargurados.
Desfolho estranhas semanas
Repletas de páginas em branco,
Dúvidas, desejos e pranto.
Dói-me a paz e o sossego
A alma, o espírito, a emoção,
A tua ausência e o coração.
Não quero perder o rumo,
De te ver só mais uma vez,
Liberdade!