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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Os Felícios! #2

Resposta a este convite da Ana

 

Foram todos à bola naquela tarde: Felícia, Felício, Maria Felícia e Mário Felício.

Todos de telemóvel em punho. Só podiam!

Passaram os primeiros seguranças mostrando os écrans! Entraram seguidamente no edifício, mas aqui foi necessário mostrar outra vez o equipamento onde estavam os bilhetes de entrada.

Após diversas tentativas lá conseguiram todos passar as cancelas e principiaram a subir a extensa escada.

Muitos adeptos aos gritos e a cantar enquanto escalavam andares. A família subia calmamente com os olhos pregados nos monitores do telemóvel. Finalmente no cimo respiraram fundo e penetraram na larga porta que daria acesso às bancadas.

Mário Felício escreve entretanto no uotessape : vou à cb!

Maria Felícia, a irmã: fazer?

Mário: regar as flores, estúpida!

Maria: imbecil!

Felício entra na conversa: calem-se os dois faxavor e tu menino vai à cb!

Felícia mais comedida escreve: ó homem deixa lá os miúdos!

Procuram os lugares, sobem mais escadas, atravessam metade da bancada e finalmente sentam-se.

O estádio ainda tem poucos espectadores… Felício redige: isto hoje não enche!

Mário já sentado devolve: quero lá saber! E fixa-se num jogo que tem no telemóvel!

Principia o desafio no relvado! As vozes dos adeptos soam pelo estádio numa algazarra fantástica. Agitam-se cachecóis, ecoam cânticos de incentivo à equipa, assobia-se o adversário, maltrata-se a família do árbitro até à décima geração!

Felícia via telemóvel: isto é sempre assim?

Felício: claro!

Mário grita sozinho: Gooooooolo!

Maria: onde?

Mário devolve: aqui no meu jogo.

Maria: não estás a ver a bola no relvado?

Mário: não consigo ver neste ecran tão pequeno!

A multidão entretanto berra em uníssono:

- GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLO!

Há quem dê saltos e abraços. E festeje alegremente o golo conseguido. Felício nem percebe o que está a contecer pois tem os olhos pregados no ecran do telemóvel. 
Assim como os restantes elementos da família!

O jogo desenvolve-se de forma emotiva no relvado. De súbito Felício salta do lugar e por fim grita:

- GOOOOOOLO!

Ao redor daquela esranha família ninguém percebe o porquê daquele grito. Quiçá o vizinho da fila de trás, que acabou de rever o golo no telemóvel de Felício, consiga perceber!

Escrita a gosto! #23

Desafio de Agosto da Ana

Tema:  o meu rosto

Defronte do espelho olhou-se com alguma tristeza. Na face os rasgos fundos da velhice percebiam-se cada vez mais, não obstante uma penugem alva.

Pegou na espuma de barbear e espalhou-a uniformemente pela cara. Depois a lâmina foi deslizando deixando uma pequena estrada. Assemelhava-se aos limpadores de neve que diariamente passavam à sua porta quando viveu no Connecticut. Outros tempos, pensou!

Finalmente e após estar bem escanhoado, lavou-se. Voltou a mirar-se ao espelho e sentiu-se abatido, triste.

- O meu rosto... que outrora conquistou o mundo...

Uma lágrima foi descendo pelos sulcos fundos da pele até cair na sua mão!

O livro mágico!

Resposta a este desafio da Ana

 

Clarice sempre viveu num mundo imaginário onde reis e rainhas, príncipes e princesas, fadas e duendes conviviam numa alegre algazarra e também harmonia.

Desde muito pequena que olhava para as lindas bonecas da irmã mais velha e tratava-as como figuras primordiais das suas aventuras. 

Havia também gatos e outros animais ao redor da sua casa e que alimentavam o seu espírito infantil e a quem relatava as estórias que imaginava.

Foi crescendo neste ambiente por si criado até ter consciência que à sua volta as árvores não cresciam de dentro dos livros, que os animais jamais falariam consigo, que as maravilhas que sonhava não passariam disso mesmo... sonhos bonitos, mas sonhos. Só!

Certo dia cansada de tanto falar, pegou numa simples folha de papel e começou a rabiscar umas palavras. Às quais junto muitas outras. As histórias que inventara em criança surgiam agora repletas de aventuras maravilhosas.

Escreveu, escreveu, escreveu até que certa tarde, à sombra de uma das suas fantásticas plantas viu nascer como por magia, o seu primeiro livro. De taaaaaaaaaantas páginas...

Recostou-se, abriu a primeira página e principiou a ler... devagar como se não soubesse o que continha.

O mais estranho foi enquanto folheou e leu, com doçura e encanto, o livro que acabara de escrever, o Sol jamais se escondeu...

Uma tarde de Domingo – XIX

Resposta ao desafio da Ana

 

O primeiro fim de semana após ter assumido a chefia de um Departamento de investigação deveria ser de repouso. Porém Alcides tinha outros planos em mente e a maioria estava ligado à gestão de recursos humanos.

Até à entrada na empresa o jovem professor de uma Faculdade apenas se preocupava em dar as aulas de forma assertiva e competente e pouco se preocupava com a gestão humana. Parecia um sector com o qual tinha poucas ou nenhumas preocupações. Porém de um momento para o outro tudo mudara ainda por cimo após aquele conselho de Ângela-

A sua agulhe virou de repente e ficou a +ensara que estaria ela naquele momento a fazer? Pensou ligar-lhe mas isso poderia ainda mais estragar a sua relação já que após a entrevista jamais a vira.

O seu aparelho tremeu. Pegou nele e não conhecia o número. Atendeu:

- Estou quem fala?

Um breve silêncio e depois aquela voz:

- Olá… sou eu! Desculpa… deves tar mais que fazer…

- Não Ângela, não… Sinceramente estava a pensar em ti, mas antecipaste-te…

Novo silêncio para finalmente:

- Gostaria de me encontrar contigo… Amanhã à tarde… por exemplo Falarmos sobre Eça ou Camilo… ou outro autor mais recente.

Aguardou uma resposta:

- Agradeço mas amanhâ à tarde é impossúel  E dia da visita a um lar. Esta lá a minha mãe.

Um gesto inspirador – XVII

Resposta ao desafio da Ana

Custou a Alcides abandonar os seus alunos, mas tendo em conta a proposta irrecusável, seria louco não aceitar o emprego de responsável pelo departamento de investigação com meios, tanto humanos com técnicos, ao seu inteiro dispor.

Quando entrou pela primeira vez na empresa, Ângela já se demitira tal como prometera, de forma a que não houvesse qualquer choque de interesses.

Porém antes, naquela manhã, Alcides retirou do seu roupeiro aquele fato, vestiu a camisa de punhos branca, colocou uma gravata e finalmente enfiou os botões de punho na camisa. Olhou-se ao espelho, respirou fundo, pegou na carteira e no telemóvel e partiu para o novo desafio.

Após as milhentas apresentações Alcides foi finalmente introduzido num amplo gabinete com vista para o Tejo.

- Será este o seu gabinete daqui por diante! – disse o administrador-delegado e responsável pelos Recursos Humanos.

- Obrigado… mas… não seria melhor ficar mais perto do laboratório?

- Claro e terá lá uma pequena sala de trabalho… Mas quando necessitar de fazer uma reunião este gabinete parece-nos adequado.

Aproximou-se da ampla secretária onde encontrou um envelope dirigido a si. Admirado pegou, mirou-o e percebeu que estava fechado. Finalmente abriu-o, retirou a folha de dentro e leu:

Viva Alcides,

espero e desejo que entres nesta empresa ciente que és uma forte aposta da administração para a evolução.

Estarei sempre a teu lado… sempre… mesmo que não me vejas.

Termino com um conselho: as pessoas nessa empresa são seres humanos!

Não te esqueças disso. Nunca.

Com amor,

Ângela

 Alcides só soube sorrir!

Só mais um... desafio da Ana

Mote: era uma vez uma princesa tão gorda que só ocupava espaço.

O rei não era grande exemplo pois era tão gordo como a sua filha mais velha, ao invés da rainha que parecia uma radiografia: de frente parecia estar de lado e de lado não se via.

A princesa, por isso, andava muito triste…

Um dia apareceu no ancião castelo um jovem esbelto e robusto. Pediu uma audiência ao rei que foi obviamente recusada. Até que ele disse: venho tratar da princesa… aquela que rebola!

Foi logo recebido pelo monarca que desconfiou do plebeu. Todavia deu-lhe hipótese de se explicar.

Após as explicações o rei concordou com o tratamento e mandou chamar a princesa. Esta rebolou até à sala do trono e perante o rei:

- Que quereis de mim, meu pai e senhor?

- Eis o homem que irá resolver o teu problema dessa gordura.

- Não tem solução – e começou a chorar.

Entrou o jovem em cena que declarou:

- Princesa… sei como resolver o seu problema. Mas terá de confiar em mim. Sempre. Asseguro-lhe que emagrece.

A princesa olhou para o rapaz e segui-o. Partiram ambos na madrugada seguinte do castelo a pé, mas ainda não voltaram…

Desenhar com palavras!

Resposta a este desafio da Ana

Tens um olhar firme, decidido, daqueles que não engana. Nem se verga!

Apanhaste o cabelo numa trança mal-alinhavada e deixaste que alguns cabelos tombassem de lado.

Posso imaginar na ausência alva um sorriso ou uma dúvida nessa face sem cor. Tivesses máscara cirúrgica…

A testa alta denuncia inteligência, as sobrancelhas tenacidade.

Falta o nariz que poderia ser aquilino ou quiçá helénico. Mas também adunco…

Nada retiraria a beleza desse olhar.

Longínquo. Penetrante. Sagaz.

Feminina!

 

Quadras à sexta-feira... 13!

Para a Ana, com carinho,

Tenho o sonho de ser escritor

Para te dar as palavras certas.

Queria sair deste triste torpor.

Ter vida e alma sempre abertas.

 

Tenho o sonho de ser poeta

Dizer o que sinto, devagar

Reconheço que sou pateta

Por querer ainda navegar.

 

Será melhor deixar de sonhar

Pois o sonho estraga a vida

Não será mui difícil adivinhar

Que a demanda está perdida