Soneto IV
Tenho os dias cheios de silêncios
Daqueles que me dói escutar
Tenho os dias plenos de inícios
Que desejo nunca começar.
Paira por cima desta cabeça
Uma sentença triste, traída.
Construo meus dias numa peça,
Ainda antes da cortina caída.
Olho o horizonte tão vermelho
Cor do sangue me corre adentro
Sentindo o dia esvair-se ao espelho.
Não sei onde encontrar o centro
Deste mim tão seco e tão velho,
Quiçá aí fora, talvez aqui dentro.