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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Soneto IV

Tenho os dias cheios de silêncios

Daqueles que me dói escutar

Tenho os dias plenos de inícios

Que desejo nunca começar.

 

Paira por cima desta cabeça

Uma sentença triste, traída.

Construo meus dias numa peça,

Ainda antes da cortina caída.

 

Olho o horizonte tão vermelho

Cor do sangue me corre adentro

Sentindo o dia esvair-se ao espelho.

 

Não sei onde encontrar o centro

Deste mim tão seco e tão velho,

Quiçá aí fora, talvez aqui dentro.

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