Os Felícios! #6
Resposta a este convite da Ana
Maria Felícia entra em casa toda despachada e dirigi-se para o quarto. A mãe Felícia giranda pela cozinha numa costumada azáfama a preparar o jantar.
Felício há muito que está em casa. Um tipo amarrotara-lhe o táxi com vontade e agora seriam uns dias sem fazer "a ponta d'um corno" e o seguro a pagar. Para enorme enfado da mulher que gostava de estar, por vezes, sozinha e não ter que aturar as parvoíces do marido.
Entretanto Mário Felício chega a casa lentamente como se carregasse todos as tristezas do mundo na sua mala de entregador de comida. O pai repara no filho e envia-lhe uma mensagem via, o tão conhecido, uotessape:
"Que se passa, pá?"
Sem resposta!
"Mene estou a falar contigo... Porque não me respondes?"
Finalmente:
"Deixa-me em paz".
No momento seguinte lê:
"O jantar está pronto!"
Era a mae!
Felício já com algum esforço, devido acima de tudo à gordura que carrega, ergueu-se do surrado sofá e dirige-se para a cozinha donde exala um belíssimo aroma a comida. Depois chega Maria Felícia radiante! Finalmente o filho com uma cara de macambúzio. O ambiente parece pesado para uns e leves para outros. Mas ninguém quer falar.
Foi a vez de Felício como chefe da família lançar as questões:
"Mas o que se passa aqui hoje? Uns parecem umas estátuas outros palhaços..."
Nem uma resposta! Felícia defende os filhos!
"Deixa os miúdos... Como chegaste cedo a casa pensas que os outros também não fizeram nada! Calão!"
A primeira resposta veio de Mário:
"Eh pá... não se preocupem... Levei com os pés da namorada".
"Que lhe fizeste?" - pergunta a mãe com vivo interesse.
"Nada, mãe... não fiz nada!"
"Se calhar foi por isso"! - escreve o pai e coloca muitas gargalhadas!
"És um imbecil, pai!" - diz Maria Felícia.
Irado com o epíteto Felício sente o sangue a subir à cabeça para no momento seguinte estar estendido no chão em paragem cardio-respiratória. Todos numa reacção normal se aproximam de sopetão do patriarca para logo este recuperar os sentidos sem qualquer ajuda, De forma inusual pergunta de viva voz:
"Quantos há?"
Ninguém respondeu... e todos olharam-se entre si. Aquela pergunta não fazia sentido ainda por cima... falada! Foi Maria Felícia que acabou por lhe perguntar:
"Estás bem. paizinho?"
O homem já recomposto e sentado novamente à mesa respondeu através do telemóvel:
"Eu sempre estive bem! O que se passa com vocês?"