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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Hoje convido eu! #34

Há um comentador - o S.O.S. - que de vez em quando surge a botar comentário no que eu escrevo. Desta vez apanhei-o na curva e convidei-o também a desafiar-me.

Propôs então o seguinte tema: a criança, as outras crianças e o mundo!

Ora todos sabemos que as crianças são o melhor que o Mundo tem. E assim dedico este texto. neste dia especial dedicado à criança, a todas as meninas e meninos que por qualquer razão não conheceram os seus antecessores!

 

Naquela manhã acordou as filhas de forma original!

Principiou pela mais velha, dando-lhe um beijo na face quente. Mia acordou devagar e admirou-se com a presença do pai. Espreguiçou-se para depois…

- Olá pai… Bom dia… Que se passa?

- Bom dia Mia. Eis o meu presente do dia da criança.

Entregou-lhe um embrulho que a menina de nove anos depressa percebeu ser um livro.

- Olha mais uma aventura do Milo! Obrigada… paizinho!

Um abraço apertado envolveu-os. David deixou que as lágrimas caíssem e a menina percebendo o pai a chorar perguntou:

- Tens saudades da mãe?

- Tenho querida Mia… Tenho muitas!

Mas a menina era uma criança resiliente e corajosa. Sem mais, levantou-se da cama, foi para a casa de banhou onde se vestiu. Finalmente pegou na mão do pai e levou-o dali para fora.

- Vamos acordar as minhas irmãs.

O jovem pai ergueu-se e seguiu a filha para a porta ao lado onde as irmãs mais novas dormiam ainda. Abriram devagar os estores, deixando que o sol matinal fosse penetrando no quarto. A primeira a acordar foi a Lia, a mais nova com quase cinco anos.

Ainda muito ensonada não percebeu porque estaria a ser acordada pelo pai e irmã mais velha. O pai aproximou-me e pegando nela ao colo sentou-a nas suas pernas e beijando-a disse:

- Hoje é dia da criança, das crianças e do Mundo! Porque nem imagino o que seria desta Universo sem as crianças. Assim tens aqui uma prenda deste dia!

A menina recebeu o embrulho e depois de perceber que era um livro atirou-o para o lado para ir meter-se com a irmã mais velha.

Entretanto Noa iniciava a acordar e vendo ali o pai alegrou-se com a sua presença!

- Papá!

- Olá Noa! Bom dia minha querida!

Mostrando-lhe algo embrulhado foi anunciando:

- Um dia da Criança feliz é o que te desejo – e entregou um pequeno embrulho donde se destacava o enorme laçarote.

Num ápice a filha do meio rasgou o embrulho dando um grito de alegria:

- Um puzzle papá! Como sabias?

David riu-se e respondeu:

- Um pai tem de saber estas coisas…

Enquanto Lia procurou o livro da irmã mais velha para ver as gravuras, provavelmente mais interessantes que as do seu livro, Noa ia tentando abrir a caixa com o quebra-cabeças.

Devagarinho David afastou-se do quarto das mais novas e foi para a cozinha preparar o pequeno-almoço das filhas.

Depois chamou-as! Apareceram vestidas, mas Lia vinha ainda descalça.

Mais uns minutos e estavam todos à mesa a comer os cereais que cada uma gostava. Foi Mia quem abriu as conversações:

- Também temos de ir à escola, hoje?

- Sem dúvida!

- Ohhhhh!

- E a mamã não vem ter connosco? - perguntou Noa.

Neste momento David sentiu uma tristeza profunda a invadir-lhe o coração. Havia ano e meio que Helena morrera num estúpido acidente de viação e os deixara aos quatro entregues a um destino… sem mãe! Respirou fundo e respondeu à filha de sete anos:

- O papá já te contou que a mamã foi fazer uma viagem muuuuuuuuuuuuuuuuuuuito longa. Não sabemos quando chega ou se alguma vez chegará! Temos de viver por agora os quatro assim… à espera dela!

A mais nova ainda nada dissera, mas conhecendo-a bem David sabia que a pergunta estaria prestes a surgir!

- Papá, a mãe lá onde está consegue ver-me?

David engoliu em seco para depois responder:

- A mãe é agora um anjo a proteger-nos!

- Do quê?

- Da tristeza… Portanto hoje mais do que nunca devemos estar felizes e contentes… Para a mamã ficar também feliz!

Mia que acabara de comer, pegou na taça, passou por detrás do pai e disse-lhe em surdina:

- Paizinho… tens de aprender a mentir melhor. São crianças, mas não são idiotas!

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