Hoje convido eu! #22
A desafiarem-me!
É uma pena que tenha deixado de escrever. Os seus textos na maioria irreais e fruto de uma prodigiosa imaginação foram sendo depositados no blogue: O Bom, o Mau e o Feio. Não obstante estar ora longe da escrita achei que deveria convidá-lo a desafiar-me.
Assim fiz e aquele apresentou a seguinte... nem sei a que chamar: Humuhumunukunukuapua'a. Parvoíce por parvoíce acabei por esgalhar o naco infra.
Sentiu que a terra tremia.
Olhou o céu azul onde um Sol inclemente tudo queimava. Não se recordava da última vez que chovera naquele lugar.
Ao longe uma breve nuvem de pó.
O Mundo mudara muito desde a sua infância. Conheceu os pais que morreriam anos mais tarde mas nunca soubera como. Esconderam-lhe!
A nuvem de pó aproximou-se assim como a tremedeira no solo.
Encostado a um velhíssimo cajado de madeira de um tipo de árvore que já se extinguira, manteve o olhar no horizonte.
A nuvem era simplesmente uma carruagem que passou por si em geande pressa. Nem se deu ao trabalho de perceber quem lá iria dentro.
Deixou-se ficar encostado quase dormitando. A barba maioritariamente cinza de muitos dias quiçá semanas esvoaçava ao sabor da brisa.
Um som mais estranho fê-lo olhar para o destino da carruagem que entretanto parara. Do transporte saiu um homem muito gordo e sujo, aproximando-se dele em passo decidido não obstante o peso e volume corporal. Chegado junto a si percebeu que mediria perto de dois metros e que carregava, para além de uma obesa barriga, um sabre à cintura.
O viajante disse:
- Hrkrvxv shdhgfraledeuigt dga
O outro respondeu:
- Lakensakç mufdfh – admirado de alguém conhecer o seu dialecto tão específico.
- Mspotukiadn haiojfm mpp.
- Jawretb nod aatuuily!
O homem gordo, de súbito, sacou do seu enorme sabre e aproximou-se ainda mais do outro que principiou a tremer temendo pela sua própria vida, já que conhecia o gosto de alguns daqueles homens por carne como a sua.
Só que o viajante foi decepar a cabeça de uma enorme serpente que se aproximava sorrateiramente por detrás do pobre. Este, assustado, levou as mãos à cabeça, mas vendo a serpente morta atrás de si acabou por agradecer.
- Facxzuty
- Tfainuoqwe!
Após o breve diálogo o gordo regressou à carruagem que o transportava. Mais atrás na terra e à beira do caminho ficara o pobre que provavelmente aproveitaria a saborosa carne da serpente para se alimentar.
Subiu os três degraus até entrar no compartimento onde uma formosa senhora o aguardava sacudindo ferverosamente um leque. O homem sentou-se e finalmente a dama perguntou:
- Quem era?
- Um pobre diabo, coitado!
- Mas que foste perguntar?
- Saber se este é o caminho correcto para a cidade.
- Ainda não sei para que sítio vamos.
- Vamos para Humuhumunukunukuapua'a!
- Nome estranho para uma terra, não é?
- Tão estranho como te chamares Branca Clara das Neves Farinha Leite!