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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Hoje convido eu! #22

A desafiarem-me!

É uma pena que tenha deixado de escrever. Os seus textos na maioria irreais e fruto de uma prodigiosa imaginação foram sendo depositados no blogue: O Bom, o Mau e o Feio. Não obstante estar ora longe da escrita achei que deveria convidá-lo a desafiar-me.

Assim fiz e aquele apresentou a seguinte... nem sei a que chamar: Humuhumunukunukuapua'a. Parvoíce por parvoíce acabei por esgalhar o naco infra.

 

Sentiu que a terra tremia.

Olhou o céu azul onde um Sol inclemente tudo queimava. Não se recordava da última vez que chovera naquele lugar.

Ao longe uma breve nuvem de pó.

O Mundo mudara muito desde a sua infância. Conheceu os pais que morreriam anos mais tarde mas nunca soubera como. Esconderam-lhe!

A nuvem de pó aproximou-se assim como a tremedeira no solo.

Encostado a um velhíssimo cajado de madeira de um tipo de árvore que já se extinguira, manteve o olhar no horizonte.

A nuvem era simplesmente uma carruagem que passou por si em geande pressa. Nem se deu ao trabalho de perceber quem lá iria dentro.

Deixou-se ficar encostado quase dormitando. A barba maioritariamente cinza de muitos dias quiçá semanas esvoaçava ao sabor da brisa.

Um som mais estranho fê-lo olhar para o destino da carruagem que entretanto parara. Do transporte saiu um homem muito gordo e sujo, aproximando-se dele em passo decidido não obstante o peso e volume corporal. Chegado junto a si percebeu que mediria perto de dois metros e que carregava, para além de uma obesa barriga, um sabre à cintura.

O viajante disse:

- Hrkrvxv shdhgfraledeuigt dga

O outro respondeu:

- Lakensakç mufdfh – admirado de alguém conhecer o seu dialecto tão específico.

- Mspotukiadn haiojfm mpp. 

- Jawretb nod aatuuily!

O homem gordo, de súbito, sacou do seu enorme sabre e aproximou-se ainda mais do outro que principiou a tremer temendo pela sua própria vida, já que conhecia o gosto de alguns daqueles homens por carne como a sua.

Só que o viajante foi decepar a cabeça de uma enorme serpente que se aproximava sorrateiramente por detrás do pobre. Este, assustado, levou as mãos à cabeça, mas vendo a serpente morta atrás de si acabou por agradecer.

- Facxzuty

- Tfainuoqwe!

Após o breve diálogo o gordo regressou à carruagem que o transportava. Mais atrás na terra e à beira do caminho ficara o pobre que provavelmente aproveitaria a saborosa carne da serpente para se alimentar.

Subiu os três degraus até entrar no compartimento onde uma formosa  senhora o aguardava sacudindo ferverosamente um leque. O homem sentou-se e finalmente a dama perguntou:

- Quem era?

- Um pobre diabo, coitado!

- Mas que foste perguntar?

- Saber se este é o caminho correcto para a cidade.

- Ainda não sei para que sítio vamos.

- Vamos para Humuhumunukunukuapua'a!

- Nome estranho para uma terra, não é?

- Tão estranho como te chamares Branca Clara das Neves Farinha Leite!

2 comentários

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    José da Xã 14.03.2023

    Por vezes só assim!
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