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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Hoje convido eu! #21

A desafiarem-me!

A Ana Mestre dos blogues That'itPalavras Minhas é uma amiga de li«onga data e foi também convidada a participar neste meu desafio. Como mote atirou-me a palavra: lembranças.

Palavra curiosa que nos remete para prendas ou daquelas bonitas recordações de lugares. Pois... leiam o que escrevi!

 

Artur tinha o olhar fixo no monitor enorme onde uma infindável rede de letras, números e outros caracteres se desenvolviam a enorme velocidade. Estava assim há horas.

De vez em quando a tela parava. Quase instintivamente teclava qualquer coisa e logo surgia novamente a tela repleta que coisas que só ele percebia.

Ouviu uma voz ao longe. Levantou os olhos e viu as horas: 3 e 23 da madrugada.

- Xiiii, tão tarde.

A voz que escutara ao longe estava agora atrás de si,

- Como estamos, Artur?

- Sinceramente? Mal… muito mal…

- Já deste com o problema?

- Desde o início que sei qual o problema… o que não consigo é saber como resolver…

- Como não?

- Sabe o que aconteceu realmente?

- Sei que um vírus entrou e está a invadir o nosso sistema informático…

- A invadir e a infectar tudo. Se não conseguirmos parar este bicho estamos completamente… lixados! Desculpe chefe pela linguagem.

Entretanto o telemóvel do chefe tocou. Este atendeu:

- Boa noite sôtor… faça o favor de dizer…

O chefe Antunes saiu do polo técnico onde Artur tentava minimizar estragos e foi conversar para longe. Quando regressou vinha com cara de poucos amigos.

- O nosso Director ligou-me para saber qual o ponto de situação. Não gostou do que escutou e quer vir para cá.

- Já cá deveria estar… E poderia até trazer uma piza, por exemplo. Que não como desde o almoço.

- Eu vou pedir qualquer coisa para comermos.

- Chefe deixe-se disso… quero é sair daqui o mais depressa possível e com tudo resolvido.

Antunes puxou de uma cadeira e sentou-se ao lado do colaborador.

- Explica-me lá, se souberes, como tudo começou.

Artur recostou-se na cadeira e colocou as mãos entrelaçadas na nuca.

- Era já tarde quando recebi uma chamada de um colega que ainda estava a trabalhar dizendo que a rede estava com um problema e que eu ainda não havia detectado. Quando me validei comecei a perceber que algo de muito errado estava a acontecer. Bom o resto já sabe… Vim para aqui…

- Porque não chamaste ninguém para te ajudar?

- Porque pensei que fosse uma coisa simples. Mas quando dei por mim já haviam passado muitas horas. Foi quando lhe liguei…

- Mas sabes onde ou como é que isto surgiu?

- Consegui perceber que entrou via caixa de correio electrónico… Aquelas mensagens parvas, sabe? Mas alguém carregou na ligação e… pum! – e fez um gesto redondo ambas as mãos.

- E agora?

- Agora é aguardar que as empresas das aplicações de anti-virus descubram um antídoto.

- Mas a esta hora?

- Pois… esse pode ser um problema.

Antunes levantou-se da cadeira e deu um murro na porta, descarregando nesta a fúria. Voltou-se para Artur e tentou saber mais pormenores:

- Tens a ideia de quem foi?

-Sei quem foi, mas não digo. E sabe porquê?

Sem aguardar resposta, continuou:

- Porque a culpa são dos nossos directores que detestam que as pessoas tenham formação. Dizem que é uma perda de tempo.

- Isso é uma acusação grave, sabes!

- Sei! Mas também sei que muitas das normas que segurança que emanamos daqui nunca chegaram aos utilizadores.

- Espera aí… eu próprio enviei a todos os directores essa informação.

- Pois… agora pergunte à maioria dos utilizadores se a receberam.

- Achas que não?

- Eu não acho nada. Tenho a certeza…

- Caneco isso é mais grave do que eu pensava.

- Se amanhã perguntar a algum dos directores se deram conhecimento das normas de segurança ao seu pessoal verá que a maioria deles nem se recorda.

- Isso não pode ser…

- A quem o diz! Mas insisto… pergunte-lhes se divulgaram as normas que enviámos?

Antunes estava pálido para depois ter uma saída.

- Sabes… cada vez mais estou convencido que a maioria dos nossos directores não têm memória… só vagas lembranças!

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