Entre chegadas e partidas! - #2
(continuação daqui)
Virgílio não se admirou com o conhecimento que a jovem demonstrava da origem dos voos aterrados. Quem trabalha nestes locais num ápice ganha esta valência.
Pegou no trólei e antes de partir retirou da carteira um pequeno rectângulo que entregou à empregada, dizendo:
- Se um dia tiver necessidade de mudar de emprego… ligue-me! Pode ser que consiga algo melhor… que vender croissants.
A rapariga aceitou o cartão, leu-o para logo acrescentar:
- Senhor Andrade agradeço a sua simpatia, mas se tudo correr como desejo e espero daqui a um mês terei a minha licenciatura e procurarei outro trabalho mais condizente…
Virgílio abriu os olhos numa admiração e devolveu:
- Então temos aqui uma trabalhadora estudante?
- Eu diria que é mais uma estudante trabalhadora…
- E o que está a estudar?
- Arquictetura…
- Olha… muito bem… desculpe a ousadia… como se chama?
- Rosália!
- Muito bem Rosália! Todavia fique com o meu contacto e se necessitar de alguma coisa basta ligar.
- Obrigada…
- Cuide-se! Até um dia destes…
- Quando partir ou regressar passe por aqui para tomar um café…
- Ou um pequeno almoço – deixou Virgílio no ar enquanto partia.
Quando finalmente conseguiu chegar à enorme sala de espera sempre repleta fosse a que horas fosse, percebeu que não tinha muito que fazer nesse dia. Deveria ir à sua antiga empresa despedir-se dos colaboradores… mas talvez já não o deixassem entrar.
Sentou-se num banco, pegou no telemóvel e ligou-o. Aguardou que este obtivesse a conexão necessária para ir ver… os horários de partida dos aviões.
Serenamente buscou diversos sítios até que percebeu que o próximo avião a partir e com lugares vazios seria para Barcelona. Reservou um lugar, pagou e aguardou até receber a confirmação do “check-in”. Assim que a obteve deu a volta e regressou para dentro do aeroporto desta vez para a zona das partidas.
Teria decorrido uma hora desde que abandonara o quiosque de Rosália. Após ter passado todos os constrangimentos de segurança penetrou na sala onde muita gente se sentava, comia e bebia naquela manhã. Reparou que o quiosque estava quase vazio, mas que ainda faltaria muito tempo até embarcar. Assim calmamente aproximou-se do balcão e pediu:
- Um café e um pastel de nata, se fizer favor… Rosália!
Esta estava de costas a tirar cafés e escutando aquela voz familiar virou-se e exclamou:
- Virgílio… desculpe senhor Andrade…
- Virgílio está bem! – disse a rir – Estou uma vez mais de partida daqui a aproximadamente uma hora!
Rosália vincou o sobrolho e arriscou num sorriso sincero:
- Não me diga que vai para Barcelona?
(continua aqui)