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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Entre chegadas e partidas! - #2

(continuação daqui)

Virgílio não se admirou com o conhecimento que a jovem demonstrava da origem dos voos aterrados. Quem trabalha nestes locais num ápice ganha esta valência.

Pegou no trólei e antes de partir retirou da carteira um pequeno rectângulo que entregou à empregada, dizendo:

- Se um dia tiver necessidade de mudar de emprego… ligue-me! Pode ser que consiga algo melhor… que vender croissants.

A rapariga aceitou o cartão, leu-o para logo acrescentar:

- Senhor Andrade agradeço a sua simpatia, mas se tudo correr como desejo e espero daqui a um mês terei a minha licenciatura e procurarei outro trabalho mais condizente…

Virgílio abriu os olhos numa admiração e devolveu:

- Então temos aqui uma trabalhadora estudante?

- Eu diria que é mais uma estudante trabalhadora…

- E o que está a estudar?

- Arquictetura…

- Olha… muito bem… desculpe a ousadia… como se chama?

- Rosália!

- Muito bem Rosália! Todavia fique com o meu contacto e se necessitar de alguma coisa basta ligar.

- Obrigada…

- Cuide-se! Até um dia destes…

- Quando partir ou regressar passe por aqui para tomar um café…

- Ou um pequeno almoço – deixou Virgílio no ar enquanto partia.

Quando finalmente conseguiu chegar à enorme sala de espera sempre repleta fosse a que horas fosse, percebeu que não tinha muito que fazer nesse dia. Deveria ir à sua antiga empresa despedir-se dos colaboradores… mas talvez já não o deixassem entrar.

Sentou-se num banco, pegou no telemóvel e ligou-o. Aguardou que este obtivesse a conexão necessária para ir ver… os horários de partida dos aviões.

Serenamente buscou diversos sítios até que percebeu que o próximo avião a partir e com lugares vazios seria para Barcelona. Reservou um lugar, pagou e aguardou até receber a confirmação do “check-in”. Assim que a obteve deu a volta e regressou para dentro do aeroporto desta vez para a zona das partidas.

Teria decorrido uma hora desde que abandonara o quiosque de Rosália. Após ter passado todos os constrangimentos de segurança penetrou na sala onde muita gente se sentava, comia e bebia naquela manhã. Reparou que o quiosque estava quase vazio, mas que ainda faltaria muito tempo até embarcar. Assim calmamente aproximou-se do balcão e pediu:

- Um café e um pastel de nata, se fizer favor… Rosália!

Esta estava de costas a tirar cafés e escutando aquela voz familiar virou-se e exclamou:

- Virgílio… desculpe senhor Andrade…

- Virgílio está bem! – disse a rir – Estou uma vez mais de partida daqui a aproximadamente uma hora!

Rosália vincou o sobrolho e arriscou num sorriso sincero:

- Não me diga que vai para Barcelona?

 

(continua aqui)

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