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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Desafio de escrita dos pássaros #3.0 - Tema 6

Acordou estremunhado e quase doente. Na boca um sabor horrível a fel e a cabeça doía-lhe valentemente. A noite fora horrível. Primeiro pelas insónias e mais tarde pelos pesadelos.

Fora uma noite de sobe e desce de emoções, sonhos e demais imbecilidades, que o haviam deixado daquela forma… aturdido e sem reacção.

Tentou lembrar-se ao pormenor do que sonhara, mas só lhe vinha à ideia a imagem do Bill Gates envolvido com a tal de Xana Toc Toc, que acompanhada dos seus polichinelos haviam inventado uma qualquer teoria de conspiração contra uma empresa de industria alimentar.

Uma confusão diabólica… um sem números de factos sem qualquer lógica e sentido. Disparates completos.

Val sentou-se na beira da cama, passou as mãos pelo cabelo desalinhado, olhou a cómoda onde residia parte do processo da morte de Arcizete e suspirou. Um crime que lhe tomava o tempo, o sono, a vida… e sem qualquer contrapartida que se visse.

Ergueu-se do leito disposto a pegar mais uma vez no caso. Já havia perdido o conto das vezes que repetia aquela acção. Leu papéis, relatórios, viu fotografias, reviu as suas anotações e não conseguia encontrar um simples elo de ligação. Nada, rigorosamente nada! E desfiava em voz alta:

- Arcizete Trelica, antes Octávio Baltazar esfaqueada de madrugada por alguém canhoto. Casa revolvida, estranhei existirem dois fogões. Era uma bodybuilder e usava o Tinder para encontros fortuitos. Frequentava um bar recente onde se realizavam os encontros. O último com um anão que queria que ela o fizesse também musculado… Chamado a depor o anão apresentou alibi para a hora do crime.

Serenamente lembrou-se do interrogatório e até daquela noite em que o conheceu. Um tipo bizarro que falava a sorrir como se estivesse sempre a gozar com os outros. Havia definitivamente nele algo estranho, para além do seu pequeno tamanho… uma espécie de maleita latente como se fosse uma borbulha prestes a rebentar.

- Hummmm… este tipo não é de fiar – disse Val para os seus poucos botões.

De súbito ocorreu-lhe uma ideia. Procurou nos papéis relidos tantas vezes e percebeu batendo com a mão nos papéis.

- O sacaninha é canhoto!

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