Contos tontos - 37
Acordou ao sentir a chave na porta. Abriu um olho e viu marcado no relógio da mesa de cabeceira: 3:20.
- Cada vez chega mais tarde. E mais bêbado... - pensou.
Porém ao invés da sua previsão, o homem entrou quase em silêncio, não acendeu qualquer luz, o que contrariava os seus antigos gestos, descalçou-se, despiu-se e meteu-se na banheira.
Já no quarto com o pijama vestido aproximou-se da mulher que fingia dormir, deu-lhe um leve beijo na cara e sussurrou:
- Desculpa. Sempre te amei e continuarei a amar-te.
Ela estremeceu, mas continuou a fingir.
Não sentiu o costumado cheiro a alcool, nem a tabaco e muito menos a perfume barato de alguma meretriz. Estranhou-o...
Ele deitou-se finalmente, puxou a roupa para se tapar e fez por adormecer.
Eram sete da manhã quando o despertador tocou. Ela mal dormira o resto da noite. Admirara-se daquela atitude e acima de tudo das palavras.
O despertador tocava e não parava. Chegou junto do marido e abanou-o com força na cama. Este virou-se, mas foi o empurrão dela não a vontade dele.
Estava morto!