Contos tontos! - 12
Nas suas memórias, mesmo as mais remotas sempre vira pai e mãe em constantes zaragatas. E quase tudo servia para discussão. Quando o tema não passava pela sua mera existência era o regresso tardio a casa do pai ou o cheiro nauseabundo a perfume barato da mãe.
Demasiadas vezes o usavam como arma de arremesso contra o outro. O jovem sentia-se nessas alturas somente uma pena que voava ao sabor do vento. Quando a discussão amainava, lá vinha o aconchego do pai ou da mãe tentando devolver alguma serenidade, que ele depressa percebia jamais existir.
Adaíl habituou-se por isso a resguardar-se no seu quarto onde, longe das discussões, ouvia Reimmstein em doses cavalares. Apreciava Sepultura ou Korn mas aquela banda alemã preenchia-lhe na plenitude os seus vazios. E amansava a sua raiva!
Mas pouco a pouco na sua mente foi crescendo uma idiea. Parecia idiota e sem sentido, mas foi a serenidade que o ajudou a tudo preparar. Até ao mais ínfimo pormenor!
Um dia pela calada da noite, o jovem Adaíl de dezasseis anos, partiu sozinho de casa sem deixar rasto nem recado. Quando de manhã os pais descobrissem a sua ausência, já estaria provavelmente muito longe de casa.
Ainda viu os pais uma última vez na televisão antes de embarcar. E riu-se das declarações dos antecessores que de um modo choroso afirmavam peremptoriamente que não percebiam a razão da fuga...
Adaíl jamais regressou a casa!