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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Aquela cor!

Descanso a cabeça

Numa doce almofada

Insuflada

De ínclita esperança.

Cubro-me

Com cobertores de alegria,

Lençóis alvos,

E frescos de risos.

 

Sopro por fim

Na vela que a alma

Pobre, ainda vai mantendo

Quente e acesa.

 

É a vez de a noite,

Semear um silêncio,

Prenhe de fantasmas

E lícitas dúvidas.

Para acordar suado

De vontades e sonhos,

Miríades de luzes

E mansas realidades.

 

Mas há sempre

Um sol por detrás

Da montanha inerte

Que trás vida e cor!

 

É um novo dia,

Que somo

A tantos outros

Já lavrados

Nas minhas mãos.

Ora não busco fortuna

Nem lágrimas salgadas.

Nem dores ou fulgores.

 

Apenas percebo

Que no céu imenso,

Há uma outra cor

Que não sei distinguir!