Batalhámos juntos nos desafios dos Pássaros (lembram-se?). Depois este desafio terminou e pouco mais soube dela. Um destes dias a Alexandra do Blog de Algo surgiu destacada. Fiquei tão contente por a reler que a convidei logo a desafiar-me. Pronto... aceitou com: primeiras impressões.
Provavelmente gostariam de ler outra coisa, mas sabem que aqui o certo é... ser sempre incerto!
Sempre que passava por ela lançava-lhe aquele olhar fortuito, tentando o mais possível que ninguém percebesse a gulodice no olhar.
Havia alguns dias que chegara à empresa, mas ainda não tivera nem oportunidade nem ensejo de se aproximar dela. Bem… para dizer a verdade ensejo tivera, mas ainda estava longe de se aproximar dela.
Achava-a bonita. Desconhecia, no entanto, o pensamento dos seus colegas. Havia coisas que ele evitava falar com o restante pessoal, se bem já tivesse escutado de alguns, elogiosas referências.
Andou dias naquele receio de ser descoberto. O receio era tal que se visse algum colega, com quem necessitava falar, no gabinete com ela afastava-se apressado não fosse alguém descobrir.
Certa noite em casa estendido no sofá lembrou-se de lhe escrever qualquer coisa. Levantou-se célere antes que a vontade passasse, pegou numa folha A4 que tinha ali à mão e foi escrevendo umas frases. Poderia tê-lo feito no seu portátil, mas preferiu esgalhar as primeiras palavras numa folha branca.
Escreveu um texto simples para logo a seguir riscar. Depois elaborou nova frase e releu. Gostou mais que da primeira, mas ainda assim pareceu-lhe pouco. Foi retocando a prosa acrescentando algumas coisas, apagando outras até considerar aquele naco de texto razoável.
Fez um trejeito com a boca imaginando o dia seguinte e passou a limpo para um processador de texto.
Acordou cedo, arranjou-se, comeu com calma e antes de sair de casa buscou nos bolsos a carteira, telemóvel, chaves do carro. Tudo conferido ei-lo a caminho do escritório.
Antes de mais… o café! Dois dedos de conversa com os outros colegas para então voltar à sua secretária e daí dar início àquela aventura.
De repente tocou o telefone e ele não pode deixar de atender. A conversa foi longa e assim que desligou levantou-se da secretária quando um colega perguntou:
- Alguém sabe de quem são estes documentos? Encontrei-os abandonados...
Corou instantaneamente para logo pegar nos papéis e responder:
- São meus! São as minhas primeiras impressões na nova impressora!
Convidei desta vez o meu amigo padre JM, companheiro dos caminhos de Fátima a desafiar-me com uma palavra, tema ou frase. Não se fez rogado e apresentou-me o seguinte mote: passagem.
Demorou muito tempo a escrever para sair assim!
Naquela manhã José Vermelhinho passou defronte da velha igreja e reparou que porta estava aberta. Ficou indeciso entre entrar ou deixar para outro dia o que há muito pensara fazer. Só que o coração mandou mais que a razão e decidiu entrar no monumento religioso.
No interior reinava um profundo silêncio enquanto no ar pairava um odor a círio queimado. Olhou em redor como se procurasse alguém para depois se sentar num dos enormes bancos corridos. Ali ficou longos minutos até que percebeu uns passos vindos de trás. Imaginou que fossem do pácoro, para no segundo seguinte perceber uma senhora de negro vestida que passou devagar pelo banco onde se sentara.
Em voz sumida foi desabafando:
- Mais uma beata que vem aqui todos os dias... provavelmente expiar o mal que faz aos outros...
- Não se devem levantar falsos testemunhos... diz o evangelho!
José assustou-se com a voz que nascera no banco antes do seu. Virou-se e deu de caras com o padre. Este era jovem e caíra na aldeia por um acidente na vida do pároco anterior, que falecera durante o sono. Assim quase sem experiência de pastor, o Bispo confiou-lhe aquela paróquia.
- Ó senhor prior... desculpe-me. Não foi por mal. - E após um breve silêncio, continuou. - A minha mãe também vinha todos os dias à missa para depois me desancar com pancada.
- Bom dia antes de mais senhor Zé!
- Bom dia senhor prior... Desculpe a minha má educação.
- Deixe lá, não se apoquente! Mas diga-me a que se deve esta visita? Que eu me recorde é a primeira vez que o vejo aqui. Nem nas missas... o apanho!
O leigo concordou e corou!
- Senhor padre há uma razão para aqui estar. Mas demorei tempo a decidir a entrar!
- É normal... Muitos não gostam dos desafios que Deus propõe e vai daí é sempre mais fácil não O escutar.
O outro parecia não ter ouvido nada que o pároco dissera e continuou:
- Nasci muito pobre no meio de muitos irmãos, pai, mãe e mais uns primos. Mas logo que pude saí de casa em busca de trabalho onde pudesse ganhar algum. Com o tempo tornei-me pastor. Comprei e vendi ovelhas até que um dia decidi mudar de posição e passei a ter pastores a guardarem o rebanho por mim.
Levou a mão ao ventre, fez uma careta denunciando algum mal estar para continuou:
- Trabalhei muito e tornei-me abastado. Mas permaneci solteiro e pouco dado aos outros.
- A vida nem sempre é como gostaríamos que ela fosse...
- Bom agora vem o que aqui me trouxe...
- Estou curioso!
- Há semanas comecei a sentir-me indisposto. sempre pior acabei por ir ao médico a Lisboa. Mandaram-me fazer uma série de exames para finalmente descobrirem que tenho um tumor já em avançado estado...
- Oh senhor Zé... lamento imenso.
O antigo pastor voltou-se para o altar e perguntou:
- O que devo fazer para entrar no Céu?
A questão colocada assim de sopetão levou o jovem padre a encostar-se ao banco corrido, sem reacção. Naquele preciso instante só soube dizer:
- A entrada nas Portas do Céu tem imensas variáveis!
- Como assim?
- O Céu não é um centro de espectáculos onde só entram os que têm bilhetes. O Céu não se compra nem se vende.
- Então?
- Conquista-se!
- Como faço isso de conquistar?
- Não é o Zé Vermelhinho que o faz consciente, mas o seu coração... se for puro!
Estava renitente em aceitar.
- Padre... neste mundo tudo se vende e compra, tudo tem um preço. O Céu também deve ter...
- Não pense nisso... irmão. O Céu Divino é algo deveras importante e o seu acesso é ganho através dos actos que fez nesta sua vida terrena, jamais através de dinheiro.
- Mas se desse o dinheiro que tenho aos pobres?
- Poderia ser desde que o Zé o fizesse com a consciência de que estaria a praticar um acto de genuína bondade e não unicamente para poder chegar ao Céu?
O doente levantou-se do seu lugar e metendo a mão ao bolso retirou um envelope com dinheiro. Como se não tivesse escutado as explicações do padre entregou-lhe o subscrito, dizendo:
- Vá lá senhor prior... compre-me lá uma passagem para o Céu! Tem aqui o dinheiro!
A CAL não tem um blogue seu, mas deveria, digo eu! Seja como for e pela amizade que nos aproximou acabei por convidá-la também a desafiar-me. Aceitou, optando por um tema que nesta altura da minha vida torna-se cada vez mais importante. Lançou esta pista: sentido da vida.
Pois é, não é nada fácil...
Sentou-se no banco de jardim meio sujo e já descolorido após ter libertado os netos para a brincadeira. Naquele parque infantil repleto de apetrechos para a criançada, os miúdos corriam e divertiam-se. Eram felizes, nem que fosse só naqueles instantes!
Uma senhora surgiu de repente vinda não sabia de onde.
- Boa tarde! Posso sentar? - apontando para o banco.
- Claro – e afastou-se para o lado.
- Não se mace, não vale a pena. Cabo bem aqui! Mas obrigado de igual maneira!
Ele esboçou um sorriso… Pensou que poderia ter sorte e a senhora fosse daquelas silenciosas e pacatas. Não era.
- Costuma vir aqui muitas vezes?
- Sempre que posso.
- Netos?
- Sim tenho, três!
- Oh que maravilha… É um homem rico.
- Sim, poderei dizer que sim!
Finalmente a senhora calou-se. Salomão olhava atentamente para o parque, para no instante seguinte.
- Nuno olha a tua irmã… quer sair do baloiço. Queres que eu lá vá?
- Deixa avô… eu tiro-a!
A senhora voltou ao diálogo:
- São eles que enchem as nossas vidas…
- É!
A dama não percebera que Salomão não estava interessado em conversar, pois preferia estar atento ao Nuno, à Susana e à Lucília. Todavia a nova companheira de banco de jardim continuou:
- Vivemos a vida toda a lutar para chegar a este momento… de cuidar dos netos. Provavelmente como nunca cuidámos dos filhos…
Pela primeira vez Salomão olhou a vizinha e com um ar sério devolveu:
- Eu cuidei dos meus como pude! E soube… Naquela altura não havia internet para tirar dúvidas.
- Entendo, mas os netos são um patamar especial nas nossas vidas. Fazemos por eles coisas que jamais imaginámos.
- É verdade! - Na realidade são as crianças que dão sentido à nossa vida!
Salomão deu um suspiro e pensou em rebater a ideia, mas pensou melhor e silenciou-se. A senhora a seu lado voltou à carga.
- Que sentido teria a minha vida sem os meus netos? Nenhum...
Desta vez o avô decidiu rebater a ideia.
- O sentido da vida é algo bem diferente e não se mede pelo número de netos ou pela dedicação que lhes damos.
A senhora empertigou-se no banco pronta para um debate com aquele cavalheiro sisudo, mas inteligente se bem que pouco falador. Mirando-o de alto a baixo percebeu que o avõ tinha bom gosto.
- Então diga-me lá o que tem a dizer?
- Sobre o quê?
- Então? Sobre o tal sentido da vida que não corresponde à minha visão!
- Ah isso… Bom – pigarreou antes de continuar – cada um de nós tem da vida não o que quer e deseja, tão somente o que necessita.
- Então, no seu caso, os netos?
- Os netos, os filhos e todos os que nos rodeiam são apenas meros acessórios, que nos oferecem alegrias, mas também tristezas! E muuuuuuuuuuuuuuuitas decepções!
- Nunca vi as coisas por este seu estranho prisma.
- Porque não tem um prisma dos novos. Actualizado!
É uma pena que tenha deixado de escrever. Os seus textos na maioria irreais e fruto de uma prodigiosa imaginação foram sendo depositados no blogue: O Bom, o Mau e o Feio. Não obstante estar ora longe da escrita achei que deveria convidá-lo a desafiar-me.
Assim fiz e aquele apresentou a seguinte... nem sei a que chamar: Humuhumunukunukuapua'a. Parvoíce por parvoíce acabei por esgalhar o naco infra.
Sentiu que a terra tremia.
Olhou o céu azul onde um Sol inclemente tudo queimava. Não se recordava da última vez que chovera naquele lugar.
Ao longe uma breve nuvem de pó.
O Mundo mudara muito desde a sua infância. Conheceu os pais que morreriam anos mais tarde mas nunca soubera como. Esconderam-lhe!
A nuvem de pó aproximou-se assim como a tremedeira no solo.
Encostado a um velhíssimo cajado de madeira de um tipo de árvore que já se extinguira, manteve o olhar no horizonte.
A nuvem era simplesmente uma carruagem que passou por si em geande pressa. Nem se deu ao trabalho de perceber quem lá iria dentro.
Deixou-se ficar encostado quase dormitando. A barba maioritariamente cinza de muitos dias quiçá semanas esvoaçava ao sabor da brisa.
Um som mais estranho fê-lo olhar para o destino da carruagem que entretanto parara. Do transporte saiu um homem muito gordo e sujo, aproximando-se dele em passo decidido não obstante o peso e volume corporal. Chegado junto a si percebeu que mediria perto de dois metros e que carregava, para além de uma obesa barriga, um sabre à cintura.
O viajante disse:
- Hrkrvxv shdhgfraledeuigt dga
O outro respondeu:
- Lakensakç mufdfh – admirado de alguém conhecer o seu dialecto tão específico.
- Mspotukiadn haiojfm mpp.
- Jawretb nod aatuuily!
O homem gordo, de súbito, sacou do seu enorme sabre e aproximou-se ainda mais do outro que principiou a tremer temendo pela sua própria vida, já que conhecia o gosto de alguns daqueles homens por carne como a sua.
Só que o viajante foi decepar a cabeça de uma enorme serpente que se aproximava sorrateiramente por detrás do pobre. Este, assustado, levou as mãos à cabeça, mas vendo a serpente morta atrás de si acabou por agradecer.
- Facxzuty
- Tfainuoqwe!
Após o breve diálogo o gordo regressou à carruagem que o transportava. Mais atrás na terra e à beira do caminho ficara o pobre que provavelmente aproveitaria a saborosa carne da serpente para se alimentar.
Subiu os três degraus até entrar no compartimento onde uma formosa senhora o aguardava sacudindo ferverosamente um leque. O homem sentou-se e finalmente a dama perguntou:
- Quem era?
- Um pobre diabo, coitado!
- Mas que foste perguntar?
- Saber se este é o caminho correcto para a cidade.
- Ainda não sei para que sítio vamos.
- Vamos para Humuhumunukunukuapua'a!
- Nome estranho para uma terra, não é?
- Tão estranho como te chamares Branca Clara das Neves Farinha Leite!
A Ana Mestre dos blogues That'it e Palavras Minhas é uma amiga de li«onga data e foi também convidada a participar neste meu desafio. Como mote atirou-me a palavra: lembranças.
Palavra curiosa que nos remete para prendas ou daquelas bonitas recordações de lugares. Pois... leiam o que escrevi!
Artur tinha o olhar fixo no monitor enorme onde uma infindável rede de letras, números e outros caracteres se desenvolviam a enorme velocidade. Estava assim há horas.
De vez em quando a tela parava. Quase instintivamente teclava qualquer coisa e logo surgia novamente a tela repleta que coisas que só ele percebia.
Ouviu uma voz ao longe. Levantou os olhos e viu as horas: 3 e 23 da madrugada.
- Xiiii, tão tarde.
A voz que escutara ao longe estava agora atrás de si,
- Como estamos, Artur?
- Sinceramente? Mal… muito mal…
- Já deste com o problema?
- Desde o início que sei qual o problema… o que não consigo é saber como resolver…
- Como não?
- Sabe o que aconteceu realmente?
- Sei que um vírus entrou e está a invadir o nosso sistema informático…
- A invadir e a infectar tudo. Se não conseguirmos parar este bicho estamos completamente… lixados! Desculpe chefe pela linguagem.
Entretanto o telemóvel do chefe tocou. Este atendeu:
- Boa noite sôtor… faça o favor de dizer…
O chefe Antunes saiu do polo técnico onde Artur tentava minimizar estragos e foi conversar para longe. Quando regressou vinha com cara de poucos amigos.
- O nosso Director ligou-me para saber qual o ponto de situação. Não gostou do que escutou e quer vir para cá.
- Já cá deveria estar… E poderia até trazer uma piza, por exemplo. Que não como desde o almoço.
- Eu vou pedir qualquer coisa para comermos.
- Chefe deixe-se disso… quero é sair daqui o mais depressa possível e com tudo resolvido.
Antunes puxou de uma cadeira e sentou-se ao lado do colaborador.
- Explica-me lá, se souberes, como tudo começou.
Artur recostou-se na cadeira e colocou as mãos entrelaçadas na nuca.
- Era já tarde quando recebi uma chamada de um colega que ainda estava a trabalhar dizendo que a rede estava com um problema e que eu ainda não havia detectado. Quando me validei comecei a perceber que algo de muito errado estava a acontecer. Bom o resto já sabe… Vim para aqui…
- Porque não chamaste ninguém para te ajudar?
- Porque pensei que fosse uma coisa simples. Mas quando dei por mim já haviam passado muitas horas. Foi quando lhe liguei…
- Mas sabes onde ou como é que isto surgiu?
- Consegui perceber que entrou via caixa de correio electrónico… Aquelas mensagens parvas, sabe? Mas alguém carregou na ligação e… pum! – e fez um gesto redondo ambas as mãos.
- E agora?
- Agora é aguardar que as empresas das aplicações de anti-virus descubram um antídoto.
- Mas a esta hora?
- Pois… esse pode ser um problema.
Antunes levantou-se da cadeira e deu um murro na porta, descarregando nesta a fúria. Voltou-se para Artur e tentou saber mais pormenores:
- Tens a ideia de quem foi?
-Sei quem foi, mas não digo. E sabe porquê?
Sem aguardar resposta, continuou:
- Porque a culpa são dos nossos directores que detestam que as pessoas tenham formação. Dizem que é uma perda de tempo.
- Isso é uma acusação grave, sabes!
- Sei! Mas também sei que muitas das normas que segurança que emanamos daqui nunca chegaram aos utilizadores.
- Espera aí… eu próprio enviei a todos os directores essa informação.
- Pois… agora pergunte à maioria dos utilizadores se a receberam.
- Achas que não?
- Eu não acho nada. Tenho a certeza…
- Caneco isso é mais grave do que eu pensava.
- Se amanhã perguntar a algum dos directores se deram conhecimento das normas de segurança ao seu pessoal verá que a maioria deles nem se recorda.
- Isso não pode ser…
- A quem o diz! Mas insisto… pergunte-lhes se divulgaram as normas que enviámos?
Antunes estava pálido para depois ter uma saída.
- Sabes… cada vez mais estou convencido que a maioria dos nossos directores não têm memória… só vagas lembranças!
O Marco do blogue Merlo desenha muito bem. Vai daí também considerei interessante convidá-lo a desafiar-me.
Fê-lo com uma frase curiosa: cada pessoa é um mundo. Um mote que daria pano para mangas como soi dizer-se. Para mim deu o texto que segue.
Sentado na esplanada Miguel olhava o relógio.
- Nunca chega a horas! – pensou.
De súbito sentiu um par de mãos frias que lhe taparam os olhos. Logo percebeu que era Margarida pelo tom sedoso da pele que cobria os dedos finos da recém-chegada. Pegou na mão dela e levou-a à boca beijando com doçura.
Ela surgiu na frente esbelta como sempre.
- Desculpa o atraso, mas foi uma complicação para arranjar lugar para o carro! – desculpou-se depositando nos lábios do namorado um ósculo singelo.
Deu a volta à mesa e sentou-se defronte. Mirou-o com olhar crítico e foi dizendo:
- Tu não tens outra roupa? Calças de ganga e camisa, camisa e calças de ganga…
Ele olhou a sua indumentária e acrescentou:
- Mas olha que estão lavadas…
- Deixa que estou a brincar… Então que pressa foi essa para me chamares assim de repente? Passa-se alguma coisa?
Miguel beberricou a água com gás que pedira e olhando o casal de estrangeiros que se sentara na mesa ao lado, foi dizendo:
- Preciso de falar contigo… sobre nós!
O choque que Margarida não contava. Recostou-se na cadeira e tentou em vão esconder uma lágrima.
- Não sei porquê, mas calculei que este encontro seria estranho… Algo me batia no coração…
- Mas o que estás a dizer? Não entendo!
- Chamaste-me aqui para quê?
O rapaz olhou-a olhos nos olhos, pegou-lhe na mão que ela tentou retirar, sem o conseguir e respirou fundo:
- Margarida, chamei-te aqui porque te amo e não quero que haja segredos entre nós!
Ela ia para dizer algo, mas ele encostou a sua mão à boca dela devagar afim que ela percebesse que ele queria falar mais.
- Sabemos que cada pessoa é um Mundo!
- A quem o dizes…
- Lembras-te como nos conhecemos?
- Sim, foste buscar o Flip quando fugiu da minha mão por causa de um parvo de um gato. Entraste naquela casa e trouxeste-o de lá…
- Guida… agora vais escutar-me até ao fim e não me interrompes, sim?
A namorada acenou afirmativamente com a cabeça.
Ele, entretanto, respirou fundo como se o que viria fosse uma jornada que exigisse enorme esforço físico.
- Não sou a pessoa que tu pensas. Há coisas sobre mim que não sabes, nem sequer imaginas. Quando te disse que o meu pai era pescador não menti, mas ele pesca no alto mar no seu iate.
Os olhos dela abriram-se num pasmo.
- Da mesma maneira que te comuniquei que trabalhava num escritório também não estava a mentir, pois trabalho com o meu pai.
Ela escondia a cara com as mãos.
- Sou herdeiro de uma enorme fortuna que nasceu com os meus avós e que continuou com o meu pai. Agora estou eu a aprender a gerir aquilo.
Margarida abria a boca num pasmo.
- Mas independentemente de tudo isto amei-te assim que te vi à minha porta e aquele gato é da minha avó Cremilde. Não poderia dizer quem era… provavelmente rejeitar-me-ias.
As lágrimas corriam, estragando a maquilhagem.
- Parece uma daquelas estórias cor de rosa americanas, mas esta é a realidade. Prefiro que saibas por mim que por outros… Posso até ser uma fraude para ti, neste momento, mas acredita que o fiz para o bem de nós…
Ela nem acreditara no que acabara de escutar. Como podia ter sido assim enganada? Ela que como psicóloga era conhecida por saber avaliar bem os outros. Na cabeça corriam mil palavras para dizer, mas não disse nada! Levantou-se da cadeira, pegou na mala e preparou-se para abandonar o local quando Miguel antecipando-se agarrou-a e sem forçar confessou:
- Podes partir e deixar de me ver... a opção é tua. Mas uma coisa é certa: jamais te deixarei de amar.
Margarida empertigou-se e enfrentou-o.
- Como sabes se eu te rejeitaria ou não. Que sabes tu de mim, do que realmente sinto? O amor não é uma mera garrafa de água de plástico que se usa e depois deita-se fora. O amor é algo maior que o Mundo, maior que o Universo e muito maior que tu!
Miguel largou a mão de Margarida, sabendo que a perdera, mas não quis que ela partisse sem lhe dizer outra verdade.
- Desde que começámos comprei um conjunto de calças de ganga e de camisas só para vir ter contigo!
Desta vez convidei o Vagueando do blogue Generalidades para me desafiar. Respondeu rapidamente ao meu convite apresentando a palavra: anemia.
Ui pensei eu... E agora? Agora... é só lerem o que segue. Não sei se corresponde ao solicitado, mas como aqui não há regras... Mas tive de puxar pelo bestunto!
Entrou na estrada de terra batida bem devagar e foi percorrendo o caminho até ao largo espaçoso que servia de estacionamento. Parou o veículo, desligou e saiu.
O vento soprava do lado do mar que ele podia ver na sua anilada plenitude. Avançou uns passos até à cerca de madeira para perceber como no fundo da falésia o mar sovava as rochas negras. A espuma branca desvanecia-se com outra onda, mas aquele vaivém tinha a sua beleza.
Aspirou o ar marítimo para depois retirar do bolso do casaco um envelope donde descobriu um papel. Desdobrou-o, foi lendo para de vez em quando olhar o horizonte.
Dobrou a carta e enfiou-a no bolso do casaco. Depois virou-se e reparou que bem encostado ao seu carro encontrava-se alguém. Todos os pensamentos foram desviados para a visita e de forma decidida aproximou-se.
Era um homem e teria mais ou menos a sua idade, vestindo uma roupa ligeira. Tinha o cabelo claro e sorria para ele.
- Bom dia, necessita de alguma coisa?
- Bom dia… Eu não preciso de nada. Talvez o cavalheiro…
- Eu? Que eu me lembre… não nos conhecemos.
- Verdade! Mas independentemente de não nos conhecermos até este momento eu sei tudo sobre si… Rigorosamente tudo.
Olhou em redor à espera de perceber alguém conhecido e vendo-se sozinho com aquele personagem, desconfiou.
- Há aqui algo que não entendo. Como pode saber algo sobre mim se nunca nos cruzámos.
- Oiça... vou direito ao assunto. Esse papel que carrega no bolso é uma choruda dívida que tem para uma Já lhe entidade financeira e que o estará a ameaçar!
- Mas… mas… como sabe?
- Já lhe disse... sei tudo! Sei também que está na dúvida entre assumir o problema definitivamente ou acabar de vez com ele atirando-se da falésia…
O outro olhou para a paisagem marítima e devolveu:
- Não sabe nada de mim. Está somente a especular… Ainda gostaria de saber qual o seu intuito nesta farsa.
A visita encostou-se ainda mais ao carro e olhando para o dono acrescentou sem dar qualquer resposta, continuou:
- Não interessa saber como chegou a este ponto da sua vida. O seu passado, se quiser, escreva-o num caderno para que um dia recorde como foi… Agora oiça-me como deve ser.
O outro esbracejou, mas nada disse.
- A sua vida começou como começam tantas doenças, por exemplo, de sangue: uma ligeira anemia! É como esta sua! Encontra-se anémico e economicamente debilitado.
O outro abanava a cabeço num consentimento.
- No fundo você estudou na universidade, teve fantásticos professores, mas não aprendeu nada, sabe? É o mal das nossas escolas superiores. Bom… mas este é outro problema. Entretanto há que pensar em resolver a situação…
- Mas quem é você para me dizer estas coisas? Que mais sabe da minha vida? Quem lhe pagou para isto?
- Calma, calma, calma… Antes de si muitos vieram aqui despedir-se da vida… mas eu que ando sempre por perto acabo por os dissuadir de tal decisão.
- Como é que sabe que estou falido, que devo dinheiro? Explique-me…
- Posso explicar! Porém deixe-me acabar o meu raciocínio… Como disse usei a expressão anemia para classificar a sua situação financeira. Porque é disso que se trata. O caríssimo gasta mais que recebe, paga as dívidas mais antigas criando outras mais recentes… e maiores!
O jovem atormentado baixou-se e tapou a cabeça com ambos os braços num assumido acto de desespero.
- Até parece um antigo primeiro ministro que disse publicamente que as dívidas do país não se pagavam… Mas você vai resolver isso. E já! Por que não posso admitir que um jovem se perca só porque não teve cabeça…
- Desculpe, mas explique-me de uma vez por todas quem é o senhor?
O outro sorriu mostrando uns dentes bem tratados e apontou para uma tabuleta à entrada do parque de estacionamento. O condutor quase correu até chegar ao local.
- Vá, leia em voz alta para eu saber que você percebeu…
- Largo da consciência!
- Ora viu… Tomara eu que muitos dos nossos políticos por aqui parassem. Infelizmente nunca aqui nenhum parou!
Advogado e escritor o João-Afonso é responsável por este espectacular blogue: "Fugas do meu tinteiro". A ele também lancei um convite para me desafiar. Não se fez rogado e na volta do correio electrónico apresentou a palavra vinho.
Um tema diferente dos demais, mais pragmático e menos filofósico deu então origem ao texto que segue! Espero que se divirtam!
Olhou-o pela última vez.
Imóvel naquele luto sentiu-se mesquinho tal era o misto de sentimentos que sentia.
Fora um dos seus melhores amigos, quiçá o melhor de todos.
Durante anos com ele partilhara dias, tardes, noites em franca convivência e muita alegria. Companheiro mui fiel nos bons e maus momentos a ele havia confidenciado os seus maiores segredos. E se tinha segredos!
Recordou-se que aquela amizade não se iniciara da melhor maneira. Diria mesmo que principiara de uma maneira um tanto estranha ou seria melhor assumir como... azeda.
No entanto com o tempo foram-se conhecendo e ficando cada vez mais próximos. Náo era quase sempre assim que nasciam as boas amizades? De forma lenta e duradoira!
A determinada altura da vida poder-se-ia dizer que eram quase inseparáveis!
Mirou-o mais uma vez… (talvez fosse a última).
E quase chorou de emoção vendo-o ali assim tão próximo e tão… morto.
Regressaram as memórias onde se destacavam as tardes passadas com outros amigos e companheiros, as inúmeras festas, os incontáveis jantares faustosos aos quais nenhum deles faltava e principalmente as longuíssimas noites, entre endinheiradas apostas e muitos baralhos de cartas. E demasiados maços de cigarros...
Observou-o com doçura (de certeza que não seria a derradeira).
Um sorriso subiu à face quando de repente se lembrou daquela vez na festa de despedida de solteiro de um outro amigo… Juntos haviam sido o centro das atenções e rido até não poderem mais. Momentos inesquecíveis que ele evocava agora com uma profundíssima saudade!
Fitou-o… e com os olhos marejados:
- Desculpa meu bom amigo… desculpa! Ordens médicas a isto me obrigam!
Num gesto exclusivo pegou na garrafa do vinho tinto e despejou-a inteirinha no ralo do lava-loiças.
Responsável pelos blogues "Pássaro sem poiso" e "Amar Portugal" a Isa foi também convidada a lançar pistas para a minha escrita. Ora bem esta bloguer desafiou-me com a seguinte frase: querer esquecer é lembrar.
Uma frase fantástica, assumo! Jamais me teria ocorrido algo assim. Todavia ousei escrever isto.
Valentim desde muito cedo se destacou dos outros miúdos na escola muito por culpa de uma inteligência e memória acima do normal. Conforme foi avançado na escola mais se notava essa diferença em relação aos restantes colegas de escola. Daí ter sido no secundário uma vítima atroz dos medíocres da escola. Mas havia um que era sempre o mais aguerrido. O Fausto!
Entrou numa faculdade e novamente se evidenciou. De tal forma que quando terminou os estudos universitários foi convidado a leccionar na faculdade. Foi um passo para o Doutoramento que haveria de terminar anos mais tarde com notas excepcionais!
Dono de um forte carisma tornou-se conhecido e reconhecido no país e fora dele. Palestras, aulas noutras universidades faziam o seu mundo, onde se sentia muito bem.
Certo dia apresentou-se numa Conferência como orador principal. No final do certame houve um costumado beberete. Estava Valentim à conversa num grupo quando sentiu um breve toque nas costas. Virou-se e deu de caras com alguém que não via havia muitos anos:
- Joel?
- Sou mesmo… há quanto tempo… Professor…
- Deixa-te disso, pá! Valentim “for ever” – deram ambos um forte abraço rindo com vontade.
O professor desculpou-se às pessoas com quem conversava, pegou no antigo colega e levou-o para um local mais calmo de forma a matarem saudades e colocarem alguma conversa em dia.
- Que fazes na vida Joel?
- Criei uma “startup” e estou a vender serviços para uma série de empresas. Nacionais e internacionais…
- Boa! E família?
- Casei-me, separei-me, voltei a casar e agora espero ficar por aqui… Mas não tenho filhos! E tu?
- Eu ando por aí, dou umas aulas, aconselho umas empresas, faço conferências… Entretanto nunca me casei, mas tenho três filhos e vivo com a mãe deles.
Riram-se ambos. Depois foi o momento de recordar tempos de escola. Foi nesse momento que Valentim soube da morte de Fausto. Nada comentou, mas Joel percebeu no amigo um certo alívio.
Passados uns dias estava Valentim a brincar com o filho mais novo quando a companheira chegando por trás o abraçou para lhe perguntar:
- O que se passa contigo, amor? Andas distante desde há uns dias…
- Oh… impressão tua!
- Conheço-te há demasiado tempo para saber que algo não está bem contigo. Temos de falar sobre isso… Não te quero a definhar.
- Ando cansado, somente!
- És mesmo nhurra… safa! – zangou-se a companheira.
No noite seguinte Valentim, após ter contado as histórias aos filhos e tê-los deixado a dormir, chegou-se junto da mulher no quarto, enquanto esta se preparava para se deitar e confessou:
- Tens razão, não tenho andado bem… Desculpa.
- Mas o que te aconteceu para ficares assim?
- A mim nada! Soube que um antigo colega de escola morreu recentemente.
- Oh lamento! Era teu amigo?
- Não… era o inverso! Detestava-o…
- Espera aí que não percebi – espantou-se a companheira.
- Deixa-me contar. Este colega que agora morreu era um chato comigo quando estávamos na escola. Mau aluno, cábula, rufia… atentou-me muitas vezes… Demasiadas! Entretanto fiz a minha vida na faculdade e jamais me lembrei dele… Parecia ter sido um pesadelo, nada real!
A namorada aproximou-se e afagou os cabelos carinhosamente. Manteve-se, todavia, em silêncio aguardando a continuação do relato.
- Agora que sei da sua morte acreditas o tipo não me sai da cabeça. Isto é, quando o Joel me contou lamentei a sua morte apenas como ser humano. Do resto não lamentei nada, porque era um pulha.
- Que coisa querido! Parece que aquela frase que diz "querer esquecer é lembrar" faz todo o sentido.
Valentim ergueu-se e após a última frase respondeu:
- É isso mesmo! Quanto mais quero esquecer aquele desgraçado mais me lembro dele.
- Sabes que o nosso cérebro consegue controlar isso na perfeição. Como nunca te preocupaste com ele a tua mente não mais se ligou a ele. Mas com o que soubeste já não é o teu cérebro a mandar, mas o teu coração. No fundo, no fundo tu gostarias que ele assistisse à tua vitória na vida.
- Nem sei se é isso realmente que gostaria… Tenho pena dele, porque imagino que tenha sido um desgraçado com um emprego de porcaria a ganhar ordenado mínimo.
A mulher pegou no roupão que o companheiro tinha vestido e retirou-o depositando em cima de uma cadeira. Depois concluiu:
- Li uma vez que a melhor qualidade do ser humano é saber esquecer! Parece que não tens essa valência.
Quem é que neste sapal não conhece a Mula do blogue Desabafos da Mula? Creio que ninguém. Esta menina foi das primeiras com quem tive interacção e por isso também era minha obrigação convidá-la para este desafio. Respondeu com uma pequena palavra: luz.
Mais um tema mui complicado que deu no texto infra.
Saiu do hospital tão desesperado como entrara. No coração a chaga que já existia sangrava agora profundamente.
Meteu-se no carro e conduziu-se para casa, alheado a quase tudo. Morava numa aldeia pequena na zona saloia e foi para lá que se dirigiu. Passou por diversas povoações até que estranhamente lhe deu a fome. Assim que pode parou o carrou e procurou um sítio para comer. A tarde aproximava-se do fim, mas o calor do dia ainda se fazia sentir.
Encontrou um café e ali enganou o estômago. Pagou e ao atravessar a rua para ir para o carro deu com uma pequena igreja branca. Sem saber como desviou-se para lá e encontrando a porta escancarada, entrou.
Era uma daquelas oradas de vilarejos, pouco decoradas, simples, mas acolhedoras. O altar ao fundo apresentava quatro imagens. Conheceu Santo António e Nossa Senhora, mas as outras imagens desconhecia.
Sentou-se no banco corrido mais próximo da saída e ali ficou sem saber bem o que estava a fazer. Baixou a cabeça e tapou-a com ambas as mãos. Para no instante seguinte escutar:
- Boa tarde posso ajudá-lo nesse desespero?
Paulo ergueu-se e deu de caras com um padre que teria aproximadamente a sua idade. Não vestia batina, mas usava o conhecido cabeção alvo. Fez menção de sair.
- Desculpe… não deveria estar aqui…
- Não lhe pedi para sair… Apenas se poderia ajudá-lo… - e colocando uma mão sobre o ombro do outro, acrescentou – Sente-se e desabafe.
A visita acabou por voltar ao lugar, mas continuou em silêncio. O padre sentou-se a seu lado, pegou num rosário e principiou a rezar em surdina. Depois:
- Peço desculpa senhor padre, mas este não é o meu lugar… - teimou.
- Posso saber porquê?
- Porque há muito que me separei da fé, de Deus, da igreja…
- Isso pensa o meu amigo… E de tal forma está enganado que entrou assim… sem ninguém o chamar… Creio eu!
- Pois é verdade… mas continuo longe de crendices.
- Também eu… Mas crendices não é fé!
Voltou a baixar a cabeça e de repente romperam os olhos num mar pessoano. O padre aguardou que as lágrimas saíssem para voltar ao diálogo:
- Conte-me o que tanto o amargura?
- V… venho do hospital onde o meu filho de cinco anos acaba de falecer. Há seis meses foi diagnosticado com uma doença raríssima. Muitos tratamentos, mas nenhum deles mostrou ser eficaz. E hoje partiu…
- Lamento saber isso…
- A minha mãe era uma fervorosa católica. De tal forma que desde muito cedo fiz tudo o que poderia fazer: catequese, primeira comunhão, comunhão solene e só não fiz a crisma por já andar longe da fé! Será que agora estou a ser punido por isso?
- Nem por sombras. Não pense nisso! Deus é magnânimo…
- Então se o é, como diz, magnânimo, Ele que traga o meu filho!
O padre ergueu-se do banco e deu uns passos até à entrada. Depois olhou o Sol que se punha no horizonte e declarou com solenidade:
- A vida terrena é repleta de mistérios e incertezas. E nem tudo está nas mãos de Deus!
- Então está na mão de quem? Diga-me senhor padre.
- O que lhe irei dizer pode não ser o que gostaria de ouvir, mas o seu filho pode ser um instrumento de Deus.
- Como assim?
- O seu filho pode ser a estrela da sua vida.
- Que vida será a minha sem o meu rapaz?
Desta vez o padre aproximou-se do altar para dizer em tom de catequista:
- Quem nasce tem de partir um dia. Porém só Deus sabe quando será esse dia para cada um de nós. Hoje foi o seu filho, amanhã será o filho de outro desconhecido. Depois de amanhã o filho de outro qualquer. A sua dor é compreensível, mas mesmo não acreditando, como diz, num Deus acolhedor a partir de agora terá alguém a velar por si.
- A velar por mim? Coitadinho… nem por si soube velar!
- Engana-se, pois foi a luz divina do seu menino que o trouxe aqui a esta capela e ao pé de mim. Seria bom que nunca se esquecesse disso!