"40 anos" de Fátima Mano
- Mããããããiiiiiiiii ó mãããããããiiiii!
Isabel apareceu em tom aflito no quarto do filho, tentando secar as mãos a um pano.
- Que se passa Zé? Que gritaria é essa?
- Desculpa mãe, mas estou aqui com um problema e não consigo antever uma boa solução.
- Então qual é o problema?
- A professora Fátima entregou-nos este quadro para escrevermos um texto sobre ele… O que nos vier à cabeça…
A mãe olhou com interesse a pintura de Fátima Mano para finalmente dizer...
- Não vejo onde estará o problema. Olha… descreves o que vês…
- Achas isso fácil, mãe?
- Então não é? – depois arriscou – e o que escreveram os teus colegas?
O jovem fez um gesto de enfado perante a questão materna para finalmente responder:
- Oh… cada um diz sua coisa. Por exemplo a Ana de Deus viu o quadro de uma forma, a Ana Mestre de uma completamente diferente. O João-Afonso escreveu uma coisa ainda mais estranha, a Olga pior ainda…
- Que mal é que isso tem? Cada um vê as coisas de uma maneira muito própria. Então a Célia, a Maria Araújo, a Luísa, por exemplo?
- Essas escrevem tão bem que nunca percebo o que querem dizer…
- Então a culpa é tua que lês e escreves pouco… Eu bem que te aviso.
- Vá lá mãe… não sejas chata… pareces a Mia e a Cristina.
- Porquê?
- Porque elas estão sempre a dizer isso… que leio pouco… Então a Charneca em Flor…
- Quem? Essa não conheço.
- Também não conheces a bii yue ou a Peixe Frito também minhas colegas e bem fixes por sinal.
- E os outros não são?
- São mas…
- Mas o quê? Escreve mas é esse texto que estou quase a acabar o jantar.
- Bem fizeram a Sam e o setepartidas.
- Que fizeram eles?
- Não posso dizer… é confidencial!