Quase soneto
Quantas palavras escrevi sem sentido?
Que sonhos tive eu que se perderam?
As lágrimas salgadas de um vendido
São chamas lúgubres que se apagaram
Apetece-me roubar esta face ao mundo
Para que possa alimentá-la sozinho
Queria sim sentir toda a alma a fundo
A raiva, o desespero de um fim maninho
Hoje os meus passos são já diferentes
Daqueles que caminhei em tempos
São doentios, cobardes e abafados.
Dia após dia os meus gestos quentes,
Tornam-se tristes. Agora nos campos
Nascem árvores, flores ou cardos.