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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Outono na minha vida

Sinto o outono da vida nos ossos

Como um cão que ferra o dente.

Sinto o Outono da vida nos dias,

Como o vento que agita a copa.

 

Sinto o Outono da vida nos passos,

Como roda rangendo nos caminhos.

Sinto o outono da vida nas mãos,

Como uma deformada artrose.

 

Sinto o Outono da vida nas noites,

Como mantos negros de tristeza.

Sinto o outono da vida na voz

Como falcão percebendo a presa.

 

Sinto o Outono da vida nos sonhos,

Mas há muito que deixei de sonhar!

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