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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Prosa-poema para um fim de tarde

Daqui deste alto, tão alto onde toco as estrelas,

Vejo a linha de horizonte, ténue

Onde singelos pontos brancos roçam o céu.

 

Daqui deste alto, tão alto, onde abraço a Lua,

Noto alvas e serenas almofadas,

onde o sol, por fim, irá repousar.


Daqui deste alto, tão alto onde me sinto voar

Descubro o milhafre em voos brandos, pacientes,

Mira a sua presa perfeita e ingénua.


Daqui deste alto, tão alto agarro o vento,

Percebo a planície recortada por plúmbeos traços,

Alagar o vale de esperança primaveril.


Daqui deste alto, tão alto, há quem veja o mar,

Pode ser que sim…

Mas eu também não sei o que é o mar!

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