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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

21 dias na aldeia (5)

IV - Esquecimento

 

 

Vive 'inda em minha mente aquele dia

Em que te conheci ó terra bela!

Povoação tão humilde, tão singela,

Como outra, até aí não conhecia.

 

 

Minto! Que não foi essa a minha ideia!

Porque era noite, e a lua já raiava.

E como eu a paisagem não olhava,

Então, ó terra bela, achei-te feia!

 

 

Passou o tempo e apareceu o sol.

Amanheceu. A montanha imponente.

Refectia em sua encosta descente

Os raios da estrêla, do farol!

 

 

Subi à alpendrada e olhei a paisagem.

Na véspera, de noite, eu vira a fealdade!

Agora, de manhã, não sentia saudade

Da terra que deixara. Parecia-me miragem.

 

 

E eu que amava Lisboa! Como eu a achava linda!

Quando eu a deixava, ó que saudade infinda!

Uma tristeza grande, enorme, me invadia!

Eu amava Lisboa! Fôsse noite ou dia.

 

 

 

Tu tinhas para mim o encanto da cidade,

Da terra onde nascera, dessa terra natal

Que eu idolatrava, com enorme amizade.

Eu amava Lisboa! Amava - por meu mal!

 

 

 

Um dia saí dela! Nos primeiros momentos

Recordava sentido aqiuela imensa mole

De prédios, de ruas. de estátuas, monumentos!

Recordava Lisboa! Recordava o seu sol,

 

 

 

A noite luarenta, a manhã buliçoza.

Ospregões das varinas, bpnitas, malcriadas!

Recordava Lisboa! Sua alma vaidosa,

A qual se revelava por fora, nas fachadas!

 

 

E agora eu te deixei!

Por outra te troquei,

Ó Lisboa esquecida!

Foi bom eu te olvidar,

Porque aprendi a amar...

... E vivi outra vida!

 

 

Minha terra natal! Esquecida Lisboa!

Eu peço-te perdão! Eu rogo-te: perdoa!