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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

21 dias na aldeia (4)

III - Prelúdio

 

Eu sou como Junqueiro! Gosto da noite assim!

Luar! Estrêlas! Vento, soprando, a entrar em mim!

 

 

Por isso, ó Vento amigo, ó noite encantadora,

Ó estrêlas que bailais, ó luar fugitivo,

Animal que vigiais, ó alma de poeta,

Fazei que me invada a mesma poesia

Que invadiu Camões, o Épico imortal!

Fazei que me inspire a mesma musa amiga

Que inspirou Junqueiro, o mago rimador,

Que transformou Bocage no Elmano divino

E que fez de João o poeta infantil!

 

 

Sei que não serei célebre, como foi o amões,

Como o foi Junqueiro e como o foi Elmano,

Como João de Deus e tantos outros.

 

 

Mas eu desejo e quero mostrar ao mundo enorme

Que as musas me inspiram que o meu estro não dorme!

 

 

Quero mostrar às gentes, que no planeta existe

Num recanto da terra um pobre, um miserável,

Talvez homem no corpo, criança no pensar,

Que nunca foi ingrato, que sabe agradecer

Aos que o acolheram como se um seu filho ele fôra.

E quero agradecer à terra pequenina,

De poiuco casario, de gente hospitaleira,

Que um dia o recebeu e sustentou uns dias.

 

 

Por isso, ó Vento amigo, ó noite encantadora,

Ó estrêlas que bailais, ó luar fugitivo,

Animal que vigiais, ó alma de poeta,

Ajudai-me a cantar, embora em versos pobres,

A gente acolhedora, a terra carinhosa.

Onde eu repousei das agruras da Vida.

 

 

E eu te agradeço a ti, ó Vento amigo!

E eu te agradeço, ó noite encantadora!

E eu vos agradeço, estrêlas que bailais!

E eu te agradeço, ó luar fugitivo!

E eu te agradeço, animal que vigiais!

E eu te agradeço, ó alma de poeta!

 

 

Benditos sejam!