21 dias na aldeia (12)
XI - EpílogoO vento sopra ainda, fazendo lá no céu
Bailarem as estrêlas, num bailado infernal.
Gosto da noite assim! E sinto-me outro eu,
Quando sibila o vento numa noite estival
O luar já está livre do grande monte altivo.
Já não está na prisão, já não é um cativo!
O cão já se não ouve. Talvez esteja dormindo.
Já não ladra, não uiva, num latido possante.
Mas eu tenho a certeza, que mesmo assim dormindo,
O cão está em guarda, atento e vigilante!
O vento continua na oliva a perpassar
Fazendo os ramos trémulos, fazendo-os vibrar!
A luz da minha vela, coitada, bruxuleia
É a última luz, ainda acesa na aldeia.
Morfeu vai-me invadindo. Apago a luz da vela.
Lá fora o vento sopra, tornando 'inda mais bela
Esta noite estival! Eu sinto-me ensonado,
Tentando adormecer, volto-me ao outro lado...
Lá fora o vento sopra. A lua está liberta.
E eu sinto adormecer a alma de poeta.
Agradeço-te, noite encantandora!
Adoro-te terra acolhedora!
Eu sou como Junqueiro! Gosto da noite assim!
Luar! Estrêlas! Vento, soprando a entrar em mim!
FIM