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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

21 dias na aldeia (12)

XI - Epílogo

O vento sopra ainda, fazendo lá no céu
Bailarem as estrêlas, num bailado infernal.
Gosto da noite assim! E sinto-me outro eu,
Quando sibila o vento numa noite estival

O luar já está livre do grande monte altivo.
Já não está na prisão, já não é um cativo!

O cão já se não ouve. Talvez esteja dormindo.
Já não ladra, não uiva, num latido possante.
Mas eu tenho a certeza, que mesmo assim dormindo,
O cão está em guarda, atento e vigilante!

O vento continua na oliva a perpassar
Fazendo os ramos trémulos, fazendo-os vibrar!

A luz da minha vela, coitada, bruxuleia
É a última luz, ainda acesa na aldeia.

Morfeu vai-me invadindo. Apago a luz da vela.
Lá fora o vento sopra, tornando 'inda mais bela
Esta noite estival! Eu sinto-me ensonado,
Tentando adormecer, volto-me ao outro lado...

Lá fora o vento sopra. A lua está liberta.
E eu sinto adormecer a alma de poeta.

Agradeço-te, noite encantandora!
Adoro-te terra acolhedora!

Eu sou como Junqueiro! Gosto da noite assim!
Luar! Estrêlas! Vento, soprando a entrar em mim!


FIM