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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

"40 anos" de Fátima Mano

- Mããããããiiiiiiiii ó mãããããããiiiii!

Isabel apareceu em tom aflito no quarto do filho, tentando secar as mãos a um pano.

- Que se passa Zé? Que gritaria é essa?

- Desculpa mãe, mas estou aqui com um problema e não consigo antever uma boa solução.

- Então qual é o problema?

- A professora Fátima entregou-nos este quadro para escrevermos um texto sobre ele… O que nos vier à cabeça…

A mãe olhou com interesse a pintura de Fátima Mano para finalmente dizer...

- Não vejo onde estará o problema. Olha… descreves o que vês…

- Achas isso fácil, mãe?

- Então não é? – depois arriscou – e o que escreveram os teus colegas?

O jovem fez um gesto de enfado perante a questão materna para finalmente responder:

- Oh… cada um diz sua coisa. Por exemplo a Ana de Deus viu o quadro de uma forma, a Ana Mestre de uma completamente diferente. O João-Afonso escreveu uma coisa ainda mais estranha, a Olga pior ainda…

- Que mal é que isso tem? Cada um vê as coisas de uma maneira muito própria. Então a Célia, a Maria Araújo, a Luísa, por exemplo?
- Essas escrevem tão bem que nunca percebo o que querem dizer…

- Então a culpa é tua que lês e escreves pouco… Eu bem que te aviso.

- Vá lá mãe… não sejas chata… pareces a Mia e a Cristina.

- Porquê?

- Porque elas estão sempre a dizer isso… que leio pouco… Então a Charneca em Flor

- Quem? Essa não conheço.

- Também não conheces a bii yue ou a Peixe Frito também minhas colegas e bem fixes por sinal.

- E os outros não são?

- São mas…

- Mas o quê? Escreve mas é esse texto que estou quase a acabar o jantar.

- Bem fizeram a Sam e o setepartidas.

- Que fizeram eles?

- Não posso dizer… é confidencial!