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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Uma discussão idiota – XXII

Resposta ao desafio da Ana

O encontro entre ambos foi algo quase bizarro. Para ambos!

Tantos anos em busca da outra metade e de um momento para o outro a vida, a divida providência ou o mero acaso colocara-os no mesmo trilho.

Ângela chegou cedo ao jardim onde haviam combinado se encontrar. Sentou-se num banco e pegou no livro que trazia e reiniciou a leitura.

Uma leve brisa soprava no cimo dos choupos e dos amieiros. A tarde principiava a cair quendo no instante seguinte alguém se sentou a seu lado com um ramo de flores. Assustada pelo repentismo de Alcides, deu um safanão no jovem engenheiro dizendo:

- Parvo… assustaste-me. Isso não é ser cavalheiro…

- Desculpe minha senhora, mas pensei que fosse mais rija de emoções – devolveu Alcides a sorrir.

- Parvo, idiota…

- A senhora está-me a ofender! E mais, esta parece-me uma discussão deveras idiota. Ainda por cima logo no dealbar do nosso primeiro encontro - continuou o outro a rir com gosto.

Ângela acabou por sorrir e aceitou o belo ramo de orquídeas que ele lhe oferecia!

Starry Night de Vincent van Gogh

Resposta ao desafio da Fátima

 

Olhou o original e considerou que era um belíssimo quadro, mas estranho, difícil, quiçá um tanto duro.

No entanto a sua aposta seria igualá-lo, custasse o que custasse. Sabia de antemão que seriam necessários muitos dias e provavelmente imensas noites sem dormir para o terminar.

Alguém muito próximo e a quem contara a sua nova aventura, avisou-o:

- Isso é uma enormíssima loucura. Jamais o conseguirás acabar!

Porém Manuel era um homem abnegado, corajoso e tenaz. E tinha um lema na sua vida: o difícil está feito, o muito difícil é para logo, o impossível demora mais umas horas!

Na verdade, o tempo era algo que tinha de sobra e assim, abordando radicais desafios, fazia com que aquele fugisse num ápice.

Foram dias, noites, semanas numa luta constante. Fazia-o muito devagar como quisesse saborear cada momento, cada segundo. Depois os cuidados que tinha...

Enquanto ia desfiando lentamente o desenho, tentou ao mesmo tempo perceber que emoções terá o pintor holandês pretendido despoletar com um céu de estrelas envoltas num amarelo cintilante, a Lua luminosa, um povoado meio desaparecido e acima de tudo aquelas labaredas negras que cresciam para o céu. Ou seria um arbusto?

Certo, certo é que até um dos filhos, quando apareceu em casa e perante aquele salsifré só soube observar:

- Pai que ideia foi essa de escolher este quadro?

- Este ou outro, não interessa. O que realmente conta é fazê-lo, nada mais! - respondeu-lhe Manuel naquele seu ar bonacheirão.

Abanando a cabeça em desacordo o rapaz acabou por sair levando consigo a pergunta:

- Para quê aquilo? Não entendo!

Eram 4 horas e 5 minutos da madrugada de uma quinta feira quando Manuel finalmente colocou a última recorte no puzzle de 10.000 peças com o desenho do quadro "Starry Night" de Van Gogh.

 

No desafio Arte e Inspiração, participam Ana DAna de DeusAna Mestrebii yue, Célia, Charneca em Flor,  ConchaCristina AveiroGorduchitaImsilvaJoão-Afonso MachadoJorge OrvélioLuísa De SousaMariaMaria AraújoMarquesaMiaMartaOlgaPeixe FritoSam ao Luarsetepartidas