Uma nuvem no céu - XI
Resposta ao desafio da Ana
O telefone tocou. Alcides ergueu o auscultador daquele negro aparelho de baquelite e atendeu:
- Senhor engenheiro tem aqui uma chamada de fora, quer atender? – informou a telefonista.
- Disseram quem são?
- Sim senhor engenheiro, mas sinceramente não consegui perceber de onde era…
- Passe então a chamada.
Após uns breves instantes escutou então:
- Engenheiro Alcides Coreia?
- O próprio… Quem fala?
- Chamo-me João Sacramente e Sá, trabalho numa multinacional e procuramos alguém para montar uns sistemas nas nossas fábricas. Alguém me falou de si como alguém especializado na área.
- Mas o que pretendem realmente?
Um rol de funções, actividades e outras funções foi sendo desbravado pelo interlocutor. Enquanto falava, o professor da faculdade ia olhando em seu redor. O gabinete estava forrado de prateleiras onde milhares de livros repousavam. Aqui e ali uns espaços das paredes era ocupado por gravuras velhas em molduras de estilo império. Atrás de si havia uma iluminura muito desbotada e onde ainda se poderia perceber uma nuvem que em tempos teria sido branca, pintada no céu ora mais cinzento que anil.
- Que me diz?
- Compreende que sendo eu professor não tenho a experiência laboral que me exigirá. Proponho que escolha outra pessoa.
Um silêncio… Depois:
- Percebo a sua ideia, mas não seria melhor vir até aqui para falarmos cara a cara. A administração gostaria de conversar consigo antes que tome uma decisão… irreversível!
- Disponho de pouco tempo, sabe? – tentado fugir.
- Diga o dia e a hora…