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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

O Pastor #15

Havia semanas que o jovem guardador de ovelhas e cabras andava afastado de casa. Era costuma sair uns dias, mas tanto tempo não parecia vulgar. A mãe temia que algo lhe tivesse acontecido e procurava convencer o marido a ir procura-lo. Acabou por ser um irmão do pastor que assumiu a seu cargo procurar o mano varão. Desta espécie de vontade juvenil resultou que saíram dois homens de casa, pai e filho, em busca do pastor mais velho.

Não se cruzando com ninguém pelos caminhos e veredas e ao fim de muitas horas de caminhada, decidiu o pai passar pela Quinta da Figueira. Podia ser que alguém o tivesse visto.

Logo no início da quinta perceberam ao longe que um cão apascentava um rebanho. Era Sapatos.

Este vendo os donos correu para eles, tanto quanto as velhas pernas o deixavam. Após as respectivas festas e latidos, os homens calcularam que o rapaz andaria por aquelas paragens. O que parecia muito estranho, tendo em conta o conhecimento que eles tinham da forma sempre azeda como o jovem pastor falava daquela família, nomeadamente da bela jovem. Porém os contornos da vida acarretam bizarros mistérios.

Aproximaram-se do velho solar. Os cães guardadores iniciaram a ladrar perante a presença de estranhos. Assumou à varanha então um vulto feminino e esguio que perguntou:

- Quem está aí?

E vendo os dois homens, continuou:

- Ah és tu! E esse deve ser o teu filho mais novo…

- É sim dona!

- Não me digas que vens em busca do teu varrão?

- Venho mesmo… Sabe onde estará ele? É que não o vi junto do gado… Não é costume!

A senhora desceu as escadas devagar e chegando bem perto do homem mais velho e antigo colaborador, devolveu:

- O teu filho foi à cidade…

Espantado quase gaguejou:

- Ci… cidade? O que foi lá fazer, posso saber?

- O teu filho vai ser um grande escritor… afianço-te…

- Escritor? O que é isso?

- Alguém que conta estórias de vida… como a dele. De uma forma simples!

Balanceando!

Um dia amei o sol

E tornei-me uma flor.

Certa noite amei a Lua

E passei a ser só dor.

 

Certa vez desejei vencer

E comprei uma bravata.

Depois pensei desistir

E achei a ignomínia.

 

Pensei em rir feliz,

Mas morreu-me o tino.

Por fim quis chorar,

E riram-se de mim.

 

Hoje mais vale ser

Cinzento ou sem cor.

Manso que nem lago,

Serena brisa estival.

Quadras à sexta-feira... 13!

Para a Ana, com carinho,

Tenho o sonho de ser escritor

Para te dar as palavras certas.

Queria sair deste triste torpor.

Ter vida e alma sempre abertas.

 

Tenho o sonho de ser poeta

Dizer o que sinto, devagar

Reconheço que sou pateta

Por querer ainda navegar.

 

Será melhor deixar de sonhar

Pois o sonho estraga a vida

Não será mui difícil adivinhar

Que a demanda está perdida

Amor ou amar-te?!

Sinto-te estreitada nos meus braços

Enquanto te balanço docemente

Reparo então nos teus traços

Pois o teu doce olhar não mente.

 

Brincamos juntos as brincadeiras

Que jamais pensei um dia brincar.

Estamos presos em vidas inteiras

Mas há ainda tanto para tocar.

 

Estendes-me os teus dias melosos

Numa oferta que não mereço.

São momentos singelos, luminosos

Em que simplesmente tropeço.

 

Bem vinda à minha vida!