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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Contos tontos - 31

Ele era um homem normal sem nenhuma característica que chamasse à atenção. Nem alto nem baixo, sem beleza superlativa, aparentava uma meia idade benéfica.

Ela era jovem, bonita, espampanante. Vestia-se sempre com pouca roupa o que levava a ser alvo dos olhares gulosos dos homens e raivosos das mulheres.

Entretanto a pastelaria “Flor da Avenida” era conhecida pelos seus saborosos croissants e pelo pão constantemente quente. Daí as manhãs serem assaz atarefadas.

Era costume ele comer o seu pão sentado à mesa acompanhado de galão quente e sempre, sempre com um livro onde embrenhava o seu pensamento. Daí jamais reparar no que se passava ao seu redor. Talvez por isso nunca havia reparado na jovem.

Quando ela entrou naquela manhã, todas as mesas estavam ocupadas. O único lugar vago era mesmo à frente dele. Delicadamente perguntou:

- Bom dia, este lugar está ocupado?

Ele como que acordado de um sonho levantou os olhos para ela e demorou a responder. Finalmente:

- Bom dia, não está não. Pode usá-lo!

Ela sentou-se.

Ele deixou de ler, ela deixou de aparecer.