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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Quase soneto

Quantas palavras escrevi sem sentido?

Que sonhos tive eu que se perderam?

As lágrimas salgadas de um vendido

São chamas lúgubres que se apagaram

 

Apetece-me roubar esta face ao mundo

Para que possa alimentá-la sozinho

Queria sim sentir toda a alma a fundo

A raiva, o desespero de um fim maninho

 

Hoje os meus passos são já diferentes

Daqueles que caminhei em tempos

São doentios, cobardes e abafados.

 

Dia após dia os meus gestos quentes,

Tornam-se tristes. Agora nos campos

Nascem árvores, flores ou cardos.