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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Lágrimas de outono

 

Gosto destes dias de chuva que aplacam a ferocidade

De um sol demasiado tardio inundando um imenso verão.

 

Gosto de sentir a água fria como de fonte se tratasse

Jorrando do céu plúmbeo a vida em límpidas gotas.

 

Gosto do silvo sibilante do vento debaixo da fresta

Traz-me novas do outono feito de castanhas e vinho.

 

Gosto sim de me molhar e perceber no ar revolto

O perfume da terra molhada a pedir fria enxada

 

Gosto de ti simples, nua, como tu vida sabes ser.

Outono na minha vida

Sinto o outono da vida nos ossos

Como um cão que ferra o dente.

Sinto o Outono da vida nos dias,

Como o vento que agita a copa.

 

Sinto o Outono da vida nos passos,

Como roda rangendo nos caminhos.

Sinto o outono da vida nas mãos,

Como uma deformada artrose.

 

Sinto o Outono da vida nas noites,

Como mantos negros de tristeza.

Sinto o outono da vida na voz

Como falcão percebendo a presa.

 

Sinto o Outono da vida nos sonhos,

Mas há muito que deixei de sonhar!