Contos tontos! - 2
O carro seguia dentro dos limites, na auto-estrada. Ele conduzia e pensava, ela dormia profundamente.
O alcatrão negro desenrolava-se à frente tal qual um manto. E a viatura consumia quilómetros.
Entretanto o espírito dele viajou para um passado tão longínquo que quase não acreditou que tivesse existido.
As festas, as brincadeiras, as amigas e os amigos, as partidas aos colegas... Esboçou um mero sorriso ao lembrar-se! Olhou para o lado, onde ela dormia. Vinda também do seu passado notou-lhe então os rasgos cravados na face, o pescoço quase flácido, os cabelos de cor cinza. Mas ainda era bonita... E como ele a amava...
Quanto tempo passara desde a última vez que ele lhe sussurara a palavra mágica. Perdera o conto.
Umas vezes por isto, outras por aquilo, acabaram por se afastar!
De súbito ele falou em tom sonoro:
- Amo-te!
Acordada subitamente pela palavra, perguntou:
- Disseste alguma coisa?
- Eu? Eu não... Devias ser tu a sonhar!