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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Contos tontos - 18

Mirou-se ao espelho e gostou do que viu. Estava completamente nua e assim pode com calma autoavaliar-se: o cabelo longo cor de avelã tapava-lhe quase todas as costas, a face parecia ter sido esculpida por um mestre renascentista, os olhos cor de azeitona pouco madura.

Descendo pode apreciar o pescoço pequeno. O peito saliente e firme destacava-se no corpo bronzeado. Finalmente um mui singelo traço de pêlos púbicos que terminava na zona mais íntima.

Passou a mão pelo ventre magro e sorriu ao mesmo tempo que imaginava quantas das suas amigas adorariam ter a sua beleza e formosura. Sentia-se perfeita!

Era sexta feira e a noite aproximava-se cálida e acolhedora. Os ingredientes perfeitos para a festa. Rodou nos calcanhares e pegou no telemóvel. Nenhuma mensagem.

Olhou as horas e achou que realmente ainda era muito cedo. Decidiu vestir-se informalmente e comer qualquer coisa antes de sair. Por fim um toque de mensagem alertou-a para alguma novidade.

Correu para o aparelho desbloqueou-o e leu:

- Festa cancelada, fica para próxima!

Irritada atirou com o aparelho para o sofá e deu um grito fino. No instante seguinte estava de volta ao telemóvel a enviar mensagens. Não gostou das respostas… Alguém a desconvidara… Como seria possível?  A ela, a única que os rapazes adoravam conhecer… A rapariga mais bonita da sociedade… Aquela de quem todas tinham inveja…

Finalmente o telemóvel tocou. Não conheceu o número, todavia atendeu… Mal conseguia ouvir tal era a barulheira do outro lado… Pensou em desligar mas logo a seguir perguntou:

- Quem fala?

Um coro de vozes respondeu:

- A tua solidão…. Ahahahahahahahah!

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