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José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

José da Xã

Escrever mesmo que a mão me doa.

Rosa de Maio

Para a Fátima Soares com um beijo de muitos parabéns

 

 

Colhi-te numa Primavera.

Eras simplesmente um botão de rosa,

Fechado, temeroso e ingénuo.

O mundo era ainda uma aventura,

Mais que um desejo ou fronteira.

 

Com o tempo foste abrindo.

E logo o perfume começou a exalar.

Inebriante, doce, belo e sedutor.

Polvilhei-te então com pequenas gotas

De amizade fresca e sorriso jovial.

 

Um dia uma veluda pétala,

no dia seguinte um estame.

Uma noite um perfume,

na outra noite uma alegria.

E a rosa a florir feliz.

 

Um espinho deixou então marca.

Pois uma brisa levara-lhe a coberta

Balançando ao vento da tarde.

Do sangue quente e vermelho,

Veio o sopro que a desfolhou.

 

Já rasa de aveludadas pétalas

Olho-a ainda com doçura

Pois perdura o seu perfume.

Deixou assim de ser a flor singela

Para ser a Roseira Brava do meu jardim.

Provavelmente

Para a minha mãe Violeta

 

Provavelmente nunca lerás estas palavras

Porque nunca te ensinaram a aprender.

Nem me preocupa que não as queiras.

Ficam aqui só. Alguém as há-de ler!

 

Provavelmente nunca lerás as palavras,

Porque nunca aprendeste a ler-me.

Não me aflige esta tua ausência,

Porque sei que estarás sempre presente.

 

Provavelmente nunca saberás que as escrevi,

Porque nunca te ensinaram a folhear a vida.

Não me entristece a dor que sempre senti,

Porque sei que serás sempre a minha mãe.